A maternidade (e acredito que o mesmo se possa dizer da
paternidade) traz-nos grandes e pequenos prazeres, pequenos e grandes pânicos.
Passamos a dar valor a pequenas coisas que passamos a fazer e enchemos o
coração com um afeto maior do que tudo. Passamos a preocupar-nos com pequenas
coisas que não faziam parte do nosso rol de preocupações e ganhamos grandes
medos face a outras realidades. Relativizamos coisas que antes nos angustiavam
e tememos outras que antes não nos atemorizavam. Tornamo-nos mais serenas e
também mais stressadas. Ganhamos forças e perdemos coragem. Reforçamos o nosso
mundo de sentimentos e perdemos o sentido de aventuras. Já não queremos estar
em todo o lado e queremos estar sempre ao seu lado. Pois os filhos trazem essa
transformação, interior e exterior, com marcas visíveis na atitude e na postura
perante as maravilhas ou dificuldades da vida.
Pessoalmente, tornei-me mais serena, menos impulsiva, menos
aguerrida. Provavelmente menos corajosa e certamente menos aventureira. Não
estou sempre a desejar viagens e estar em locais diferentes, nem me apetece ir
ao outro lado do mundo, à procura de sensações diferentes. Pelo menos, com a
mesma intensidade ou frequência. Passei a viver pequenas coisas quotidianas com
outra perspetiva, com entusiasmo, pois olha-se o mundo pela segunda vez. Assim
sendo, descobrimos coisas há muitos esquecidas ou aprendemo-las pela primeira
vez, já que nos é naturalmente exigido que ensinemos o que sabemos, e o que não
sabemos, aos nossos filhos. Também não me exponho tanto a confusões,
profissionais ou outras, porque a serenidade é maior e aprendemos a gerir e a
centrarmo-nos no que verdadeiramente importa.
Há, pois, uma centralização muito grande em torno da família.
A dispersão de espaços e atividades e a socialização de que antes fazíamos
questão, saem afetadas. Há quem consiga ainda gerir os dois mundos, o familiar
e o social quase de igual forma, mas para quem trabalha e tem responsabilidades
várias, torna-se mais difícil. Obviamente que temos todos de matar saudades da
vida social de vez em quando mas não é possível fazê-lo com a mesma intensidade
se se respeitar os horários vários de crianças e todas as suas necessidades. Ao
mesmo tempo, há muitas vezes a preferência por ficar em casa, em família,
porque a necessidade de acompanhamento é natural e é saudável que assim se
faça.
Quando não se tem filhos, não se sente a falta, já dizia uma
grande amiga. Mas quando se tem a falta é quase permanente. Não se está mais
completo, e não é uma mera questão de saudades, é mais do que isso. É a
preocupação constante com o seu bem-estar, a certeza de asseguramos a sua
segurança e podermos protegê-los de possíveis perigos. O mundo lá fora surge
agora como algo perigoso, de uma forma que não antevíramos antes. E dessa forma
queremos manter-nos por perto.
A maternidade (ou, mais alargado, a parentalidade) é o grande
teste da vida. Há um antes e um depois. Uns dias mais atarefados e cansativos,
uns dias menos glamourosos e ousados mas sempre compensadores e felizes. Porque
é, afinal de contas, a grande aventura.
escrito para o bahiamulher
Quando eu souber, comento! ;)
ResponderEliminarSagi
:)
ResponderEliminarBjs, Sara
A maternidade é para toda a vida,o sentimento fica, a falta, a necessidade de proteger, a preocupação...depois, tudo isto se deve compadecer e conviver com outros quereres, asas que querem crescer e voar, contrariar, ser diferente. É uma viajem, uma aventura com muitas peripécias. :)))
ResponderEliminarJá passei por isso. Agora sinto assim:
ResponderEliminarhttp://bonstemposhein-jrd.blogspot.pt/2011/10/e-o-mundo-ficou-melhor.html
Abraço
É isso mesmo amiga! Nada mais é igual... Lília
ResponderEliminarRegina, é uma aventura, sim - a maior:)
ResponderEliminarjrd, já espreitei e comentei in loco:)
Pois não, Lília...:)
..."Não se está mais completo!"
ResponderEliminarE aprende-se, sente-se o verdadeiro sentido de amar incondicionalmente, de dar a vida por...
Adorei!
Beijinhos
Ana
"Quando se tem a falta é quase permanente". Que definição magnifica da maternidade e da paternidade. A maior bênção nesta vida são os nossos filhos, tudo o resto é acessório.
ResponderEliminarAdorei o post.Beijinho
Queridas Ana e Helena, muito obrigada pelos vossos beijinhos, que retribuo a dobrar, e por terem gostado. São a nossa benção maior, sim. *****
ResponderEliminar