abril 14, 2012

Paraíso pastoril


Tenho-os há dois anos, são onze, e têm sido um bocadinho de radioso sol nos dias que teimam em pintar de cinzento nas escolas.
Não me lembro de alguma vez me ter, sinceramente, chateado com eles. Vou para a aula bem-disposta porque serão eles, continuo bem-disposta com eles, por entre sorrisos, risos e trabalho com gosto, saio bem-disposta porque as aulas assim deveriam ser sempre a regra e nunca a exceção. 
São uma turma de produção agrária. Todos mas todos os temas são dados com seriedade e profissionalismo porque são recebidos com entusiasmo, curiosidade, partilha de saberes, humor, vontade e prazer de aprender. Sempre dispostos a fazer todas as atividades, sempre dispostos a responder às solicitações, sempre dispostos a uma graça, sempre dispostos ao respeitoso afeto que me fez já dizer-lhes obrigada por alegrarem os meus dias. Foi sempre assim, desde o primeiro dia em que os conheci, numa primeira impressão tão favorável que fez jus ao que tem sido a nossa salutar convivência. Apetece-me sempre preparar o melhor para eles.
Há notas altas, muito altas, há as médias e há uma ou outra que evidencia grandes dificuldades e falta de hábitos de estudo extra-aula. Normal, portanto. Mas muito acima do normal naquilo que é estar com eles, o bem estar, a tranquilidade, a segurança, a lufada de ar fresco que são quando tanta outra coisa massacra e entope os sentidos.
Um deles, espertíssimo e que não estuda nada, dizia na aula, há tempo, que eu gostava deles e os achava fantásticos porque  "Somos gente simples, do campo". Sorri. Aliás, sorrimos todos.
Eles são, de facto, a minha Arcádia.

2 comentários:

  1. A minha também!:) De certeza que falamos da mesma turma. Há muito tempo que não tinha um grupo assim. E a verdade, é que tudo funciona com eles. Adoro!

    Beijinhos

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  2. Sim, claro. Adoráveis. Que bem que se está no campo:)

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