abril 12, 2012

Já gastámos estas palavras

O top 3 das palavras que custam a sair:
1- parabéns
2 - desculpa
3 - obrigado

Comecemos pela última. Está a ficar cara, dada a raridade em que se vai tornando. Para quem foi educado a dizê-la, em serviços públicos e afins quotidianos, não se entranha que ela não surja naturalmente de quem  teve a nossa colaboração ou apoio em coisas que vão do simples até ao mais esforçado. Basta um mero obrigado para, frequentemente, nos sentirmos satisfeitos com a nossa prestação, de auxílio ou outra, úteis, válidos. Quem comanda e chefia, por exemplo, desconhece, e muito mais do que o desejável, o poder deste vocábulo dito de forma espontaneamente grata. Mas também entre pares ele fica sempre bem. Conforta e alimenta os relacionamentos saudáveis.

Costumo perguntar aos alunos se lhes cai alguma coisa por pedirem desculpa. Sobretudo  aos que têm o azar de me ter como diretora de turma, pois faço questão (azar, azar, digo eu) de os fazer refletir se cometeram alguma asneira (ou azar, dizem eles). Ficam em total silêncio. Também não adianta pedir desculpa se não for sentido, já agora sempre acrescento. Mas a sê-lo, renova qualquer tipo de relação profissional, a começar pelas da escola neste caso. E isto serve para os afetos, para as relações familiares, matrimoniais. Pedir desculpa é uma dificuldade que só dificulta. Portentosamente apaziguadora, o orgulho e a insistência em não nos rebaixarmos com uma simples palavrinha só aprofunda os abismos de incompreensão.

Não são os parabéns pelo aniversário. Esses toda a gente os dá. Nós gostamos muito de dar (e receber) estes parabéns e que as pessoas façam anos. Damos beijinhos, prendas com lacinhos, votos via facebook e via net, telefone, telemóvel, estamos contentes e ainda bem. Já não nos mostramos tão contentes quando se trata, trataria, de outro tipo de realização. Porque dar os parabéns por algo que se fez, ou até se fez bem, ou muito bem, ora, isso já é outra festa. Até parece que se os dermos estamos a retirar valor a nós próprios, e portanto não o devemos fazer. Primeiro o nosso valor e depois o dos outros. Às vezes só mesmo o nosso valor. Nada de protagonismos alheios. E a palavra fica ali, retida, mesmo quando sentida, porque não se quer dar esse gosto a outrem.

O reconhecimento é um conceito que anda arredado do nosso dia a dia hoje em dia, assim como a humildade. Esses são grandes valores que parecem estar, infelizmente, gastos.

8 comentários:

  1. É verdade. Mas também podemos analisar a "coisa" numa outra perspectiva.
    :)

    ResponderEliminar
  2. Pode, jrd?:) Tem que me ajudar... não estou a ver como... momentaneamente. :)

    ResponderEliminar
  3. Parabéns Faty pelo talento e pela persistência, obrigada por partilhares os teus textos, e desculpa por não comentar aqui tanto quanto gostaria e mereces. :)

    ResponderEliminar
  4. :) Muito bom! Aqui vai:

    parabéns por conseguires dizer as 3 (elá) palavras! (e por seres assim)
    obrigada porque sei que são sentidas
    desculpa por te roubar um pouquinho do teu tempo

    Beijinho

    ResponderEliminar
  5. Wow! Gostei imenso do texto.
    E concordo absolutamente: algumas criaturas viventes têm, de facto, uma dificuldade inata para usar estas palavrinhas especiais que são tão boas de se ouvir e de se dizer.
    Beijinhos, bom fim-de-semana e obrigado por esta boa reflexão!

    ResponderEliminar
  6. É... ficam entaladas:) Às vezes até sorrio porque estava a apostar que não sairiam - e não saem mesmo. Ganho sempre essa aposta::)) Beijinho, obrigada eu, sweetie

    ResponderEliminar
  7. Tem razão. Falhou-me o link:

    http://bonstemposhein-jrd.blogspot.pt/2010/09/o-cidadaoxxx.html

    Peço desculpa.
    :)

    ResponderEliminar
  8. :) Já vi e comentei. Como nos entendemos:) Pediu desculpa, eu digo obrigada. E já lá vão duas! :)

    ResponderEliminar