abril 18, 2012

Exclusivamente


A palavra exclusão traduz uma experiência fortemente negativa. Se começarmos pela social, a nível de grupos, ela acarreta sofrimentos e rejeições, intoleráveis, muitas vezes, para os tempos que dizem modernos. Mas podemos também falar sob um ponto de vista mais individual, abordando até as pequenas exclusões do dia a dia. Pois não fiquei incomodada, ainda que momentaneamente, por ter sido excluída, ao que parece também momentaneamente, com uma simples impossibilidade de acesso a uma casa na blogosfera? Todavia, pus-me depois a cogitar nisto. Nas pequenas exclusões quotidianas que nos fazem, e ... pior, talvez, nas que nós também fazemos. Na verdade, quantos de nós não terão já excluído pessoas do seu dia a dia e mesmo da sua vida? De forma, por vezes, irrremediável e definitiva? (Definitivo na vontade, pelo menos.)
Porque fazemos estas exclusões? Serão sempre resultado do arbítrio ou surgirão elas também do decurso natural dos dias? Parece-me que as duas situações são plausíveis, possíveis. Como abarcar na nossa existência todas as pessoas, de semelhante forma, ao longo do tempo? É extremamente difícil, por condicionalismos que têm a ver com os ritmos de vida, com percursos profissionais, pessoais e deslocações geográficas, inclusive. Invariavelmente há pessoas que vão desaparecendo da nossa vida e nós da delas, através de uma seleção natural, de desencontros no tempo e no espaço. Por outro lado, mesmo no presente não podemos abraçar todos os conhecidos, os colegas, até os familiares de forma constante e, sobretudo, igual. São novamente seleções que vão sendo feitas, nascidas de compatibilidades, de feitios, de partilhas, de horários, de lugares. Se são sempre indolores, não sei, mas não é fácil ou possível ser de outra forma.
Há, finalmente, e a título individual, a exclusão fruto da vontade, ou da (extrema) necessidade. É quando decidimos que aquela pessoa já não pode pertencer ao nosso mundo de afetos. Trata-se de uma decisão difícil, em muitos casos, pois envolve uma perda, de alguma forma. Mal ou bem, já todos teremos sentido necessidade de excluir, por exemplo, uma amizade (e provavelmente não terá sido apenas uma, não terá....) para salvaguarda de alguma tranquilidade emocional. Ao fazê-lo, não nos foi agradável, mas, para o melhor ou para o pior, precisámos disso naquela altura. Em definitivo. Porque este corte significou e significa, ao mesmo tempo, uma espantosa forma de sobrevivência psicológica. Há dores que asseguram curas. Por muito que nos custe excluir (ou, pior, ser excluído) essa é, frequentemente, a maior hipótese de salvação. 

9 comentários:

  1. Obrigada, Carla. Fico contente por teres gostado. :)

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  2. Obrigada, Faty, pela tua reflexão e por nos lembrares que refletir faz muito bem!! Eu já exclui uma pessoa da minha vida e não estou nada arrependida! Não doeu e isso fez-me muito feliz!! Bj Dulce Novo (DN)

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  3. Eu também já excluí - uma em particular, não foi fácil porque tenho a mania de me prender no bom e havia um ladinho bom:) Mas teve de ser e a vida continua. Obrigada eu, pela visita, doce Dulce.

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  4. Pois eu tenho alguma dificuldade em excluir pessoas da minha vida.
    Mas por vezes tem mesmo de ser. Mas doí sempre, ligo-me com muita facilidade às pessoas...

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  5. Já me senti excluída e já exclui. Em ambas as situações doeu durante algum tempo e deixa cicatrizes, mas foram como dizes tão bem, questões de sobrevivência.

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  6. Também penso que implica dor, se o grau de afeto e importância que alguém tem para nós existe e/ou é grande.
    De outra forma, outras há que deixamos para trás que não nos custa nada...:)

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  7. Concordo! Às vezes, as exclusões são um mal necessário... Lília

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