março 06, 2012

O talentoso Mr Other


Afigura-se-me que um dos maiores erros em termos de comportamento humano e avaliação de pessoas é a subestimação do outro. Subestimá-lo, achar que não estará à altura, que não nos pode ultrapassar ou ganhar. Sobretudo quando essa ideia, errada, é baseada na imagem, física ou mais do que isso, na aparente despreocupação, na leveza, na jovialidade, na informalidade. Na verdade, pode. Pode vezes sem fim.
Temos sempre, não traduzindo por isso falta de autoestima, de valorizar as potencialidades que podem fazer parte do mundo de alguém que não  nós. Numa competição, e não me refiro somente ao desporto, num concurso, na troca e partilha de ideias, poderá surgir sempre quem esteja mais preparado que nós, mais habilitado que nós, mais criativo que nós, mais informado que nós, mais talentoso que nós. Pode vencer-nos. E não quer dizer que assim seja sempre, pode até ser uma vitória ocasional, para o ano ganharemos  ou perderemos e vice-versa e por aí adiante.
A ideia é que o excesso de confiança pode ser extremamente contraproducente. A autoconfiança é fundamental, o reconhecimento das nossas capacidades, a luta e o brio que temos ao fazer as coisas. Mas a humildade, também. A humildade de reconhecer, também extra nós, o valor dos outros, o facto de nos poderem surpreender. Poderá e deverá, porque não, haver até um receio, um momentinho de fraqueza - e se eu não conseguir alcançar o meu objetivo? Isto é perfeitamente natural, mais do que natural.
A dúvida faz parte de uma existência humilde, triunfante, otimista mas conscienciosa do que os outros existem e valem. Até sob pena de haver grandes surpresas. Podemos surpreendermo-nos porque alguém que julgámos inferior, nos passa à frente. (Fala-se aqui do mérito, claro, não da desonestidade nem da ausência de caráter, das jogadas e dos esquemas). Na verdade, não o era mas a nossa excessiva crença, em que só nós é que sabemos, a isso levou.
Não subestimemos quem, à partida, também tem ou pode ter valor. E muito menos o façamos por causa de uma imagem descontraída, que podem ir de jeans a sorrisos francos, ou ausência de certezas absolutas e intocáveis, estatuto, nome, seja lá o que for.

2 comentários:

  1. Concordo perfeitamente! Há quem se valorize a si próprio demais e/ou não dê o devido valor ao outro. É pena quando as pessoas não reconhecem as potencialidades dos outros ou não elogiam o que de bom os outros podem fazer. Como bem dizes, a humildade deve fazer parte do ser humano. Como tudo na vida, o equilíbrio é essencial! Marla

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  2. É, Marla, eu acho que muitos se esquecem que não são insubstituíveis e que podem ser surpreendidos por quem não esperavam. É um erro não contar com o adversário, esquecer-se que ele também joga:) Gabarolices sem fundo...que podem atolar.:)

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