março 11, 2012

Woman, don´t preach

Ontem li num blogue de referência, e ainda a propósito do dia da mulher, histórias um bocadinho ao contrário, ou seja pequenos mas importantes relatos sobre mulheres que não dignificariam o dia em termos ideais. Não gosto da data, não me diz absolutamente nada, tal como a maior parte das festividades coletivas do calendário, mas também, como disse a helena sacadura cabral noutro importante blogue, ao menos que o dia seja para relembrar grandes mulheres que lutaram pelos direitos femininos e que dessa forma  são, nesta ocasião, representadas.
Mas voltando às mulheres das histórias no cr. É bem verdade que patrões e chefes mulheres amiúde nos podem dar cabo da cabeça, e até do corpo - são tão fanáticas e zelosas em mostrar trabalho que facilmente esquecem outro tipo de sensibilidades no emprego. Carcereiras nazis existiram, já o disse antes algures, portanto infligir sofrimento é possível vindo de almas ditas mais sensíveis e frágeis. Não gosto desta ideia fixa da fragilidade absoluta mas gosto da sensibilidade e de que maneira. Mas também não deixa de ser verdade que também proliferam por aí chefias masculinas despóticas, pequeninas e medrosas que impedem que se diga que se trata apenas de um fenómeno de ego feminino com contornos sombrios ou histéricos. Há de tudo, pois.
Ainda assim, aqui e agora, aborde-se uma questão menos simpática não só na liderança mas no comportamento feminino na sua generalidade. Já andava para escrever sobre isto há algum tempo, agora surgiu, cá vai. Não é mentira que as mulheres, no geral, em vez de se serenizarem, gostam no fundo é de acirrar as outras, competindo por tudo e por nada, exibindo formas de capacidade superior na gestão das coisas grandes e pequenas. Aliás, a bem dizer nas pequenas, na maior parte das vezes.
 Não perdem a oportunidade de dizer que, numa situação em particular, foram mestras em lidar com o caso, sem dúvidas nem receios, nem falhas. Se a grávida manifesta vontade em ou até há necessidade de ir para casa mais cedo, dizem orgulhosas que andaram até ao último dia, sempre ativas e enérgicas. Se uma mãe diz estar a sentir dificuldades a gerir a vinda de um filho e o trabalho, logo atiram que têm 3 filhos e que estão ali maravilhosas e potentes. Se uma dona de casa se queixa das tarefas domésticas que a maçam e cansam, vai de dizerem que antes de virem para o emprego já fizeram 34 habilidades na cozinha, já estenderam 89698 peças de roupa e, por entre sorrisos maliciosos, lá convencem a outra de que é preguiçosa. E quando nós acabamos de mandar um aluno para a rua e a sábia do sítio nos diz e rediz que nunca o fez, que nunca precisou de o fazer, pois tudo controlou sempre da melhor forma? E outra que diz que nunca faltou ao emprego, repetidamente e quando ninguém está interessado na sua perfeita e saudável assiduidade, como se as faltas por doença ou outras revelassem na verdade fragilidade e irresponsabilidade? E mais exemplos que decerto acontecem, a todas as horas, em todos os lugares onde há uma super mulher.
As mulheres são, de facto, super, se isso quer dizer que para elas tem ficado a grande parte das responsabilidades do dia a dia. Mas esta condição não é um triunfo, é, em muitos casos, uma perda. Não pode ser um troféu, muito menos isso, que se levante quando alguém mais jovem, mais inexperiente esteja a ser verdadeira nas dúvidas que a assolam. Porque o que entristece mais é que estas tiradas de superioridade física ou resistência a toda a prova veem, frequentemente se não sempre, de mulheres mais velhas, até mesmo poucos anos mais velhas. Tias, mães, colegas, vizinhas, estendendo-se depois a amigas até, daquelas amigas que temos mas não sentem como nós, com quem tomamos um café, e um chá e um cocktail, mas pouco mais. Porque razão há de uma mulher nascida uns anos antes não serenizar a mais nova? Porque razão lhe há de incutir que ela tem de correr, esbracejar, esfolar-se, e que quando não o faz é menos válida? Porque razão há de a descontração ser confundida com nocivo ócio? Porque razão as dúvidas são vistas como fraquezas? Porque razão é que têm de existir estas tediosas impertinentes que nunca tranquilizam?
Bom, agora vejo que fiz muitas perguntas. Ora, isto não é nada super. A super faz tudo de sorrisos nos lábios, não reclama, não se questiona nunca e surge cheia de ímpeto para qualquer maratona. Só espero é que haja taças suficientes, era uma chatice não levarem o prémio, que desilusão tão grande para quem apregoa tudo dominar na grande prova da vida. Que requer resiliência e habilidade, sem dúvida. Sobretudo para passar incólume no meio destas grandes chatas.

Adenda: O texto não é sobre as doces, as fulgurantes, as sublimes, as inspiradoras, as libertadoras. Esse há de ser.

2 comentários:

  1. Amei! Amen! Não me venham cá com sermões! Engraçada a coincidência...tb estive hoje a pensar nos nazis contemporâneos.
    Gi

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  2. :) Porque os/as há, então não?:) Obrigada, volta sempre, sempre.

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