janeiro 27, 2014

Valentia tunisina


                           

Histórico, sem dúvida. A primeira das revoluções árabes foi também a menos tortuosa e a menos trágica. Ainda assim assassinatos de líderes da oposição e tumultos vários fizeram alguma mossa na confiança vestida de jasmim nestes três anos. Conhecendo muitos tunisinos como conheço, espantar-me-ia se o resultado fosse contrário aos desígnios de quem justamente derrubou o antigo presidente. Mas era possível, era bem possível que os caminhos da escuridão apagassem a luz da esperança numa sociedade mais justa e democrática. Para já, esta nova constituição, com a aprovação de uma esmagadora maioria no parlamento, deixa antever que esse sonho não é impossível e que não há religião nem cultura nem nação que não seja capaz de traçar um futuro melhor. Basta organizar-se, resistir, refletir e andar em frente. Nenhum povo é incompatível com a modernidade. Consagrar na sua constituição a igualdade entre géneros e permitir a liberdade religiosa, incluindo o ateísmo - já conheci bastantes árabes ateus - não é para todos. Sobretudo para quem sempre nos habituámos a ver porque nos habituaram a ver como retrógados e em clivagem com os valores das liberdades várias. Espero que este dia seja o início de novos tempos para os descendentes dos valentes cartagineses. Até aqui, a revolução foi valente, esta votação também. Resta esperar que o que virá, a todos os níveis, também não lhe fique atrás. Sobretudo a economia e a melhoria significativa das condições de vida da população. Não havendo democracias perfeitas, nem tão-pouco sociedades.

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4 comentários:

  1. Na cleptocracia que foi a Tunisia, teve lugar a primeira primavera árabe, esperemos que o "Inverno" nunca mais volte.

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  2. Muito bem dito! Também me regozijo de saber a Tunísia a trilhar o melhor caminho para um futuro melhor! Marla

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    1. Vamos ver, se as boas notícias se traduzem em boas práticas. :) Espero que sim.

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