Às vezes acho que sou um pouco anacrónica, eu que, de uma forma geral, tanto gosto do progresso. Isto relaciona-se com o facto de não lidar muito bem com as novas tecnologias, ou parte delas. Assustam-me e algumas repelem-me, inclusivamente. Ou não lhes consigo achar piada. Playstations, consolas, iPods, IPhones, MP3s, jogos de computador e outros não me dizem nada, absolutamente nada. Pelo contrário, acho que contribuem para a confusão mental em que vivemos. Para a não assimilação das coisas de forma concentrada e concertada, para a não experiência de momentos de silêncio criativo, para a não vivência de afectos que em muito nos equilibrariam.
Anacrónica e contraditória. Ora vejamos. Gosto de internet, da informação que permite, da comunicação que posso desenvolver com os outros, das redes sociais, pois então. Há momentos em frente ao computador que podem ser valiosos, por essa comunicação com o outro, pela criatividade que certos softwares nos permitem, pelas leituras invariavelmente a só que podemos fazer e pelo enriquecimento que tudo isso significa. De qualquer maneira, passar o dia inteiro frente a um écrã já é problemático, onde estão o sol e o ar livre, os sons da rua, as experiências que o mundo verdadeiro e sensorial, de forma avassaladora e maravilhosa ou não, nos oferece. Há então que dosear com equilíbrio as vertentes real e virtual, por forma a não perdermos a melhor pitada de ambas.
Mas estava eu a dizer ao princípio que não gosto de certas tecnologias. De facto, passam-me ao lado e assusta-me que tantos jovens e até crianças já delas sejam dependentes. Se por um lado as podem estimular, também as podem reprimir, ou seja, anular certas formas de liberdade e de libertação que outros espaços e actividades despertam e desenvolvem. É a saúde que está em causa, sim. Mental e mesmo física. Os écrãs prendem e cansam, não permitem a mobilidade, difusam as percepções dos sentidos, fazem perder tempo para convívios, afastam o toque físico entre as pessoas. Em última instância, as tecnologias tornam as pessoas bem mais infelizes, se bem que muitas não se aperceberão disso e dirão que não. E, depois, violentas. Os jogos de computador que vejo jogar fomentam isso mesmo, ainda por cima num turbilhão de imagens e sons verdadeiramente alucinantes, onde está uma coisa chamada serenidade, não sabemos, não conhecemos.
Desta forma, estou fora de moda. Não quero jogar em frente a um écrã, não quero passar o dia com auscultadores nos ouvidos, não quero brincar de forma interactiva. Quero poder correr e saltar, ouvir o som das aves e do rio, sentir o sol a queimar a pele, jogar monopólio e party com os amigos, respirar ar puro e fresco, quero viajar e olhar pela janela. Ver o mundo real e sentir a sua infindável diversidade. Ai como estou demodé e ultrapassada.
olá fátima,
ResponderEliminarparabéns pelas tuas crónicas neste teu blog, que tambem não conhecia,afinal as nossas vidas seguem rumos que só pontualmente se cruzam.
neste teu último parágrafo, a minha paixão, o vício que tenho pelo btt, encaixa perfeitamente.
se reparaste nalgumas fotos, só de bike se consegue conhecer algumas das serras, aldeias e lugares, o contacto com a natureza na sua forma mais pura fascina-me, assim como o exercicio e a aventura, as sensações são muitas e diversas.
beijo, fernando-primo
obs. vou adicionar o link no bttmais, para vir espreitar e cuscar, lol
Obrigada primo! Bem hajas, tb adicionei o bttmais aos meus favoritos e já lá deizei uma mensagem. Bjinhos Faty
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