Ontem apanhei um programa sobre um jovem anorético israelita. Apanhei-o já a meio e não pude ver o final porque tive mesmo de sair. Estava realmente interessada na história, porque se tratava de um problema que é mais usual nas raparigas e porque me mostrava um drama individual, comum a tantos outros, num país de onde só nos chegam imagens de violência política e territorial, disfarçada de religiosa, e desta forma, imagens de soldados, de armas, de arame farpado. Apesar da experiência de vida retratada não ser feliz, a verdade é que mostrava pessoas comuns, com problemas do quotidiano, tocantes, humanos e que nos aproximam uns dos outros.
Da mesma forma, via mais tarde no mural do FB fotos da raínha Rania à conversa com jordanos a propósito de uma causa qualquer. Nessas fotos entrevia-se um mundo diferente daquele que os media continuamente nos oferecem dos países árabes. Ao invés das bombas e dos terroristas, das armas em punho e das bandeiras queimadas, do hijab ou niqab, o que se via era uma visão de elegância, convívio, conforto, beleza até, tanto nas pessoas como no espaço e na decoração. Tão invulgares estas imagens, a deixarem-nos ver que também há tanta coisa boa por aquelas bandas.
Se a riqueza não abunda na maior parte dessas populações, é um facto, não deixa de ser verdade que há margem para a modernidade e o lado bom da vida emergirem, que as pessoas almejam o mesmo, que a qualidade de vida nada tem a ver com uma religião ou cultura que se professe ou a que se pertença.
Concluí que a política, as governações, as desigualdades económicas e sociais estão por detrás de muita miséria, desespero e violência. Mas que estas não sejam apenas e sempre o estereótipo daquelas paragens. A visão é redutora e injusta. Nada como ver para além do habitual. Do padronizado e do imediato. Ou, se preferirmos, do óbvio.
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