julho 20, 2013

Vida boa, muito boa e não boa ou o casamento tipo 1, 2 e 3


Apetece-me aventurar-me por aqui: descrever o tipo de mulheres no casamento. Segundo o que dizem e o que vemos, segundo o que acho e o que vou vendo.
1. As primeiras são aquelas de quem dizem "Lá em casa é ela que veste as calças". Confesso que esta expressão é engraçada, do ponto de vista de todos exceto seguramente do elemento masculino que ficou sem elas. Bom, na verdade elas é que mandam. São mais afirmativas, mais dinâmicas, mais dominadoras, mais duras de roer e, portanto, comandam o leme. Ora isto é bom. Deve ser, quer dizer. Imagino eu. Quem não gosta, afinal, de ter as rédeas e de fazer bom uso delas? Decidem, controlam, organizam, lideram, do outro lado obtêm maravilhosas cumplicidades traduzidas em silêncios e obediências. Ui, que vida boa.
2. As segundas são as dóceis, de bom feitio, geralmente, que aceitam que o seu homem dite as leis, imponha as regras, desde por a música de que gostam aos berros no carro ou em casa, levar a malta toda para ver as jogatinas de futebol lá em casa e pedir tremoços e cervejas em cima da coffee table, dizer o que devem vestir, seja para tapar seja para destapar, até dar às filhas o nome da mãe, da avó ou da tia favorita, enfim, uma panóplia de decisões mais ou menos unilaterais sempre recebidas com sorrisos e benevolências. Ora, isto é muito bom. Para os maridos e companheiros, claro. Eu se fosse homem era isto que queria. Vida muito boa.
3. As terceiras são aquelas que possuem um caráter indomável, que, obviamente, só traz complicações. Independentes, opinativas, não quer dizer que mandem mas também não gostam de ser mandadas. Se estas encontram o tipo de maridos em 1. a coisa até pode ir indo de forma razoável. Não dará para mais porque elas são tão complicadas que também só admiram quem não é seu súbdito. Se encontram o marido em 2, está tudo perdido e rapidamente. E se encontram um tipo 3? Ou seja, como elas e igualmente indomáveis? Que admirem mas que as exasperem por não fazerem as suas vontades? Pelo menos quanto desejariam? Difícil, difícil, os egos a colidirem e a testarem forças. Uma vida, está visto, não boa. 
Qual o par que resistirá mais tempo? Todos e nenhum, já que, ao que parece, qualquer deles pode naufragar (fica bem aqui esta palavra, a condizer com a conjuntura lusa). Em todo o caso, parece que há um quarto tipo de mulheres que pode sobreviver mais tempo a este tipo de intempérie. São as solteiras, que podem vestir as calças a tempo inteiro, por a música de que gostam onde querem e no volume que desejam, ser selvagens e ir até às ilhas todas (falando nisso e para condizer com a conjuntura lusa) enfim, ganham, nitidamente. Não quer dizer que as número 1 estejam mal mas têm de levar o marido com elas frequentemente - a não ser que eles fiquem em casa enquanto elas viajam e passeiam sozinhas, é possível - e portanto é uma liderança que comporta um certo fardo. 
Tem o casamento alguma vantagem? Assim, de repente, não, mas olha, não é que toda a moça quer casar? Enfim, a galinha da vizinha é maior do que a minha. Nada como experimentar. Pode ser que haja acordo (para condizer com a conjuntura lusa) e sejam felizes para sempre. Há quem diga que sim. Resta saber se em 1, 2 ou 3. Ou nem interessa saber de todo.


13 comentários:

  1. Bom dia Faty. Visto assim , parece ser muito complicado. Vou dar uma sugestão; um dia ela veste calças , outro dia ele convida os amigos para ver o futebol, no outro dia ouvem música alta dentro do carro à beira mar, vendo as ondas a bater baixinho na areia, num casamento já muito longo e assim se festeja quarenta anos de casamento. É preciso muita tolerância, muito respeito e amoramizade um sentimento que só os casamentos longos têm. Beijinhos e bom fim de semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Podem durar para sempre, curiosamente. Ou não. Afinal, há divórcios, dizem as estatísticas:) Que podem surgir por outras causas, claro. Agora o que sugere: isso é mesmo o ideal, não é? Resta saber se o parceiro está de acordo nesses dias :) Bjs irreverentes, Aliete :)

      Eliminar
  2. Curioso...não revejo a minha Maria em nenhuma dessas opções. E já lá vão 26 anos!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os três tipos têm de aprender com a sua Maria (a ser esse o nome verdadeiro, claro:) Se não é, vou colocá-lo, a si KK, em 2 :):) )

      Já agora, Alentejo, que saudades! Este verão aparecerei por aí, mais uma vez.

      Eliminar
    2. Parabéns, KK! 26 anos é mesmo muito bom... tomara muitos lá chegarem :) Bj

      Eliminar
  3. Vamos lá pensar numa síntese.:)

    Já agora, para um sheik das Arábias a "coisa" é capaz de ser um pouco redutora, não acha?...
    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O sheik está, obviamente, em 2. :) Embora sejamos sinceros, jrd - mais vale ser dócil com um milionário do que com um pobretanas. :)

      *

      Já agora, tb digo isto, para quem não entendeu: este post fala sobre as relações de poder que existem num casamento. Ou vamos negar que elas existem? :)

      Eliminar
  4. Ah, não tenho comentários conteudais. Só quero dizer: grande texto!
    joao de miranda m.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Podia ser maior :) Parece que faltam aqui alguns tipos :) Uma pessoa nunca consegue dizer tudo num post/texto, pois não? :)
      Bjs, amigo!

      Eliminar
  5. O ideal seria uma mistura das três... ou não.

    "Tem o casamento alguma vantagem?"
    Eu também me parece que não, mas isso sou eu que tenho muito de independente e isso obviamente complica tudo. Sim, já fui casada, embora esteja sempre a esquecer-me desse facto, mas a verdade é que fui casada por engano. Ou seja, ele achou que a única maneira de me prender foi fazendo chantagem, género: ou casas ou vou embora, e eu aceitei casar. Pois. A coisa durou menos que o namoro (5 anos). O casamento durou quatro anos e qualquer coisa. Não me lembro. Não interessa. Ele é feliz agora. Acho. Eu feliz fui depois de terminar, porque casamento é coisa que não pretendo experimentar novamente.

    Já os meus pais estiveram casados mais de 30 anos, e só se separaram porque a minha mãe partiu para sempre. Eu admito que tenho um enorme orgulho. Não seria capaz de tal coisa. Resta dizer que a minha mãe era uma mistura de senhora "com calças","dócil", "indomável", "independente", "opinativa" e acumulava mais umas coisas. Não é para todos :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Querida maria, como sabe, eu teorizo - bem ou mal, é certo - mas não dou exemplos nem gosto de falar de casos concretos, nenhuns, geralmente. A sua mãe é/foi uma querida, assim como tantas outras mulheres são (e certamente a maria. Bom, se é independente, então está em 3 e complica, sim :)o homem teme a mulher verdadeiramente independente). :) E, por isso, vou mais longe e vou ser mais irreverente ainda: de nada vale a mulher ser uma querida e um espetáculo se o homem for uma besta. Peço desculpa pela expressão que sou 98% das vezes bem educada, digo eu. :) :) E esta, hein? :)

      Eliminar
  6. Faty,
    Claro que há relações de poder num casamento. Por exemplo neste país-macho já foram assassinadas 23 mulheres desde o princípio do ano.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Amigo jrd, aquele aparte era para esclarecer, não a si, que me percebe sempre, mas relativo a outras leituras, porventura, que podiam passar ao lado do essencial do post. Sabemos que a brincar, a brincar, podemos dizer coisas muito sérias.
      Na verdade, este post não é sobre as mulheres no casamento apenas, it takes two to tango. :)

      Eliminar