Há pessoas que se detestam ao princípio e que depois, mais tarde, vêm a ser mais cúmplices e até grandes amigas. O mesmo no amor. E há pessoas que se enamoram rapidamente, amizade ou romance, e que depois virão a desentender-se, a seguir caminhos diferentes, até a detestar-se. É preciso tempo. É preciso tempo para conhecer as pessoas, é preciso tempo para encontrar afinidades, é preciso tempo para o entendimento. Ou, pelo contrário, o tempo traz divisões, causa desencantamentos, dita afastamentos. O que isto diz de nós? Muito ou pouco, segundo o tempo que demos e não devíamos ter dado, ou o tempo que não demos e devíamos ter dado. Em todo o caso, o tempo é-nos superior. Pode fomentar vontades mas também pode vir a destrui-las. E pode despertar paixões e depois apagá-las. Ou é lesto a fazer julgamentos negativos e depois é suave a surpreender-nos pela positiva. O tempo vive para além de nós, sobrevive-nos. Não o dominamos e ele pode trazer-nos a mais imprevisível das circunstâncias, a melhor ou pior das surpresas, tudo ou nada. Nem só de livre arbítrio se faz a passagem por aqui. Nem só de certezas se constrói o nosso caminho. É possível que o que foi ontem não o seja hoje e muito menos amanhã. O tempo é inevitável. Danado mas também um amigo. Corrói e cura. Junta e separa. É dar tempo ao tempo e logo se verá.
O pior é que este é um tempo de não ter tempo.
ResponderEliminarSeja, mas não falo do tempo coletivo, apenas do de cada um. Ele é sempre maior do que nós.
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