julho 13, 2013

Um pequeno discurso para o mundo, um grande salto para a educação

                         

"Um aluno, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo."
Malala Yousafzai

Esta frase está a correr mundo. Não é todos os dias que uma miúda de 16 anos, ainda por cima oriunda de um país que ninguém quer, discursa na ONU, diz uma frase tão simples e tão total, e mostra uma capacidade de resistência verdadeiramente tocante. Os meus olhos não ficaram iguais enquanto a via e ouvia. Por ser mulher, por ser mãe e por ser professora, as palavras tiveram um triplo efeito. Porque representam o direito à igualdade dos géneros, porque representam o direito das crianças e jovens à educação e porque é raro ver, nestas bandas onde vivemos, dar-se valor a uma coisa tão elementar e ao mesmo tempo tão vilipendiada, como se nada fosse quando pode significar tanto ou tudo.
A educação pode mudar o mundo, à semelhança do que diziam e dizem Luther King, Mandela e outros que, saídos de circunstâncias e meios desfavoráveis, sabem o que pode trazer o conhecimento que a escola, ainda e sempre, traz e promove. Ontem e hoje, proliferam na internet e nas redes sociais as palavras de Malala, na sua maior parte por professores, daí que não escapando à regra, aqui faço o mesmo. Mas o mais importante não será que os professores as leiam ou ouçam, o mais importante é que os alunos nas nossas sociedades que tudo oferecem delas tomem conhecimento. Os alunos e os outros, aqueles que não gostam da escola nem dos educadores/professores, que sabem ao menos ler e escrever para mexer num computador e navegar na internet, e continuam a destilar ódio e ingratidão aos docentes que os levaram indiscutivelmente ao uso dessas competências.
Aqui, onde todos têm tudo garantido e fraca memória exibem, aqui também importa que as palavras de Malala ecoem na visão da escola. Se no Paquistão, a misoginia castradora e o medievalismo ignorante são inqualificáveis,  aqui são-no a mediocridade de tantos, a deturpação e o esquecimento, a falta de vergonha e a falácia, o facilitismo e o ressabiamento. Alunos, leiam ou escutem a frase acima. Vejam como têm sorte em poder frequentar a escola, vejam como o mundo pode mudar - e o vosso mundo em particular, também - ao fazerem uso de uma caneta e folhearem um livro. Vejam o privilégio que é poder ter acesso à educação, em contraste com outras partes do globo em que se pode morrer por querer aprender. Vejam que estás nas vossas mãos - e não na de outros - construir o vosso futuro pela aprendizagem e pelo brio e gosto em fazê-lo, em poder fazê-lo.
Finalmente, aos alunos medíocres, ou, melhor, com percursos escolares medíocres e desafiadores - que se tornaram quase sempre depois em adultos ressabiados e odientos em  relação à escola, a esses adultos, não esqueçam que alguém vos ensinou a usar uma caneta, que alguém vos ensinou a pegar num livro, que alguém vos deu a possibilidade de mudar o mundo. Parece-vos lírico? Olhem que não, dos fracos em qualquer matéria não reza a história. A matéria que faz isto tudo andar, leia-se. Inspirem-se, alunos, bons e, especialmente, maus, e pessoas adultas, simultaneamente esquecidas e maledicentes. Inspiremo-nos, todos. Não há mudanças no mundo sem educação. E não há educação sem alunos. E,  lá terão de admitir, sem professores. E sem a consciência de todos, mas de todos, de como isto é uma absoluta verdade.

8 comentários:

  1. Uma linda menina a Malala. O mundo precisa de muitas como ela.
    :-)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se precisa... lá, por razões óbvias - mudar mentalidades - , e cá - para que se mudem ... mentalidades. Pois, para que não se renegue e despreze aquilo que está garantido.

      Eliminar
  2. Também vi e ouvi, e senti-me especialmente tocada, pela simplicidade e verdade que encerra.

    Beijinho
    Isabel

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu senti-me triplamente tocada, Isabel.
      Bom domingo *

      Eliminar
  3. Uma miúda absolutamente excepcional, Faty. Uma pessoa luminosa que me faz acreditar que o ser humano no seu melhor é insuperável.

    ResponderEliminar
  4. Completamente, Carlos. Precisamos muito de gente que nos inspire. Todos e urgentemente, em diferentes aspetos da vida humana.

    ResponderEliminar
  5. Cá e lá, tantas limitações a superar... O infortúnio de Malala tornou-a mais forte e um exemplo para o mundo. Oxalá as suas palavras tenham um verdadeiro impacto! Marla

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lá, não sei, é possível.. mas difícil. Só com o tempo e a seu tempo Cá, não terão impacto nenhum, temo. Pois temo que seja um outro tipo de tempo... irreversível.

      Eliminar