julho 28, 2013

Boa viagem



Ontem passava na televisão por cabo, a hora já tardia, o filme "Sete Anos no Tibete". Não estive a ver, mas vi-o há anos no cinema, há mais de 10, para aí, que não sou muito dada a linhas do tempo físico. Do grupo com quem fui ver, fui talvez a única que o apreciou verdadeiramente. Eu  gosto muito de cinema que me tranquiliza e faz viajar simultaneamente. Esta viagem ao Tibete é física e é também espiritual, psicológica, e eu gosto da geografia dos afetos e dos afetos na geografia. Acredito que muitos não consigam ver este tipo de filmes, que o considerem aborrecido, sem interesse, a raiar o tédio. Afinal não tem grande ação, violência, sexo, demência, suspense, a adrenalina não corre. Eu gosto muito e cada vez mais, sobretudo desde que soube o que era a maternidade, gosto muito, queria dizer, quando não há adrenalina no cinema. O que não quer dizer que não haja emoção, lembre-se. Há filmes realmente entediantes, mas para mim são-no porque são demasiado conceptuais, frios, sem alma. Um filme tranquilo mas com emoção, que nos transmite calma mas nos faz pensar, filosófico mas simples, tem geralmente o  meu aval. Há muito que me deixei de violências no cinema. Há realizadores de culto que geralmente fazem uso dela - da violência - ou a ironizam até, mas que constroem filmes que perturbam, incomodam, aprisionam, durante o seu visionamento. Não me apetece ver esses filmes, por muito cotados que sejam ou estejam. O que não quer dizer que não consiga ver um filme perturbante. Mas um filme perturbante pode não passar pela violência física e geralmente urbana gratuitas, na verdade, considero essencial ver filmes que relatam realidades duras, por exemplo, como "Diamante de Sangue" ou "Hotel Rwanda", ou outros. Ok, de novo a geografia... Talvez seja isso mesmo. Cansei-me dos filmes urbanos. A metrópole, e a sua panóplia de paranóias e caraterísticas diárias e previsíveis, não me interessa no grande écrã. Não me faz viajar e não me tranquiliza nem preenche. Não me emociona. De uma forma geral, obviamente, há exceções. Mas atualmente prefiro cinema que não me ponha mal-disposta. Por caráter e por escolha, prefiro cada vez mais as boas viagens. 

2 comentários:

  1. Eu julgo que este filme "colocou o Tibete no mapa". A cidade de Lhasa, as montanhas, o Budismo, tudo constituiu uma descoberta para uma grande parte do mundo ocidental.Um verdadeiro encontro de culturas! Marla

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