julho 24, 2013

Os 10 mandamentos


Em tempos de troika, de aperto ministerial ou de fundos europeus, de chantagem profissional, de inversão de valores, de mediocridade geral, aqui está o que tu, professor, não deves fazer, para manter o emprego, fornecer excelentes estatísticas e sobreviver, de forma estranha, ao descalabro institucional, não sabendo, contudo, se manterás a sanidade mental:

1. não marcarás faltas
2. não chumbarás qualquer aluno
3. não trabalharás sem ser para os números
4. não porás em causa nenhuma ordem superior ou ministerial
5. não exigirás nada dos alunos
6. não rejeitarás nenhuma solicitação seja de que ordem for e quando for
7. não reivindicarás nenhum direito 
8. não progredirás na carreira
9. não terás subsídios de férias 
10. não terás vida pessoal e/ou familiar

Podia explicá-los, traduzi-los, para quem está fora melhor pudesse entender. Mas não me apetece. São muitos. Não necessariamente por esta ordem. E, por outro lado, dez é pouco. Pois é muito o que nos mandam. Não que seja mau quando nos mandam ser honestos, firmes, profissionais, dedicados, rigorosos. Mas mau quando nos mandam ficcionar, mentir, ignorar, inventar, comer e calar, esquecendo-se, eles, os que mandam, que são precisos dois para dançar o tango. Não se fazem omeletes sem ovos. E porque mantenho a minha: não se deve dar dar o peixe, todos os dias, mas sim uma cana e ensinar a pescar. Vem da China este provérbio, não é? Eu bem que sou fã do oriente. 
Não sei que tipo de sociedade esperam eles, os que mandam, vir a ter. Da maneira que estão as escolas, onde não há verdade e se forjam resultados para inglês, perdão alemão, ver, não antevejo propriamente uma geração futura responsável e capaz. Mandam todos os dias e mandam mal. Fazem as coisas mal  e fazem-nos  mal - aos alunos, acreditem, é verdade, a nós, à sociedade, a todos. Diria mais: fazem mal e fazem-nos mal. Tristes tempos, estes presentes, e, infelizmente, não o serão menos os futuros. 

4 comentários:

  1. Vai sendo tempo de partir essa tábua...

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    1. Sinceramente, jrd, nunca pensei chegar-se onde se chegou. Faz-se tábua rasa dos valores e do que devia ser.

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  2. Tristes tempos estes em que se vive/ trabalha para as estatísticas e se trocou o ser pelo parecer. Marla

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