Já há algum tempo disse aqui que as bandeiras não podem ser maiores do que os afetos ou coisa parecida. Mantenho. Mas os afetos também não podem sobrepor-se sempre à lógica. Se as bandeiras não devem condicionar os afetos, também os afetos não devem condicionar o pensamento. Expliquemo-nos.
Gosto de uma pessoa, de várias. Porque são meus familiares, meus amigos, meus companheiros de aventuras e lutas. Ou nem sequer fazem parte do meu núcleo físico de companhias. O que é certo é que eles apresentam ideias e opiniões totalmente diferentes das minhas. A nível político, social e outros. Deixo de gostar deles e de os apreciar, pelas inúmeras qualidades que têm, só porque içam uma bandeira diferente da minha?
Por outro lado, vejamos. Tenho compinchas, amigos, camaradas, que comungam das minhas convicções ideológicas. Ou tenho familiares de quem gosto muito, com ideologias ou não. Então por causa disso ignoro-lhes os erros, perdoo-lhes as más opções, sigo-os incondicionalmente, caio numa espécie de fanatismo cego, surdo e mudo que me impede de ver, ou melhor, de reconhecer que falharam ou falham, que agem mal e que me impede de dizer que não estou com eles porque não sou assim nem quero ser.
Assim estamos. Por muito que defenda uma ideia o afeto é essencial e sem ele a vida emocional não é comportável. E por muito que tenha afeto por alguém não podemos demitir o pensamento e pura e simplesmente ignorar a lógica.
Se isto tem alguma lógica, é discutível. Mas não deixa de fazer pensar. Independentemente dos afetos, claro.
O equilíbrio
ResponderEliminarna assimetria
Não podia concluir melhor, Eufrázio.
EliminarBoa Páscoa. :)
texto extremamente oportuno.
ResponderEliminarjoao de miranda m.
Obrigada, joão. Na verdade, foi escrito a partir de uma certa entrevista :)
EliminarAefectivamente, claro!
ResponderEliminarAbraço
Ahhhh, mt bom! :)
EliminarTem toda a lógica do mundo, Fátima. Excelente tema para esta época de reflexão. Os afectos, não obedecem a lógicas, se não, não seiram afectos. A lógica rege-nos a existência, sem ela, a sociedade colapsava num segundo. A gerência de ambos, extremamente necessários, e a manutenção de uns, independentemente dos outros, é a linha salutar na qual nos movemos. Que tomba, de quando em vez. No fundo, a lógica, o respeito e a emoção, numa amena cavaqueira, seria um mundo perfeito. Não há, mas vamos fazendo o possível. :)
ResponderEliminarUm beijinho, e um bom dia.
É isso, amiga. Um beijinho grande também para ti e boa semana (espero que a Páscoa tenha sido doce:)).
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