novembro 22, 2012

As turmas



No início de setembro dava conta de algumas impressões iniciais acerca das novas turmas que me surgiram pela frente, e da primeira semana pontuada com algumas graçolas vindas de quem não conhece a professora e tenta esticar um pouco a corda. Afirmei na altura que esperava ser apenas o habitual teste inicial de novos alunos perante nova docente. Estamos em novembro. A minha confiança revelou-se acertada. Está a ser, pelo terceiro ano consecutivo, um prazer enorme lecionar aos meus alunos. Apesar de uma dificuldadezinha ou outra, própria de uns dias menos bons, em que alguns alunos se excedem na conversa ou manifestam resistência ao trabalho, a verdade é que, no geral, agradeço pelos grupos que tenho, pois dou comigo com manifesta vontade de estar com eles pelo excelente ambiente, no geral, repito, com que se pode dar as aulas nestas circunstâncias. Trabalho com alunos do ensino secundário, cursos profissionais, uns melhores do que outros, naturalmente, mas ressalvo o bom caráter dos meus alunos na sua grande maioria, o que torna os meus dias na escola muito mais gratificantes. Há alturas em que a meio da aula sinto um prazer enorme pela atmosfera que temos, pelo respeito que revelam e pelo humor que conseguimos fazer juntos. Nem sempre é assim, nem sempre foi sempre assim, há turmas e turmas. Más são aquelas em que para além da indisciplina, não conseguimos ser nós próprios, já que não há feed back positivo a vários níveis. E o mais importante ainda é o da relação. Os resultados interessam-nos mas a postura cívica e os valores pesam mais do seu lado da balança. Prefiro trabalhar com turmas mais fracas em aproveitamento mas maiores em atitudes. Até porque havendo afeto e uma excelente relação, os resultados virão atrás, muitas vezes, Digo que os alunos se conquistam pelos afetos, a par da autoridade firme. Não é com rigidez e inflexibilidade que vamos lá. A tolerância e a noção clara dos limites que estabelecemos têm de andar de mãos dadas. A única coisa que ainda não está au point é a questão do material para aula. Disso tenho, aliás, dado conta aqui, mais do que uma vez. Mas neste momento é uma minoria, no seu conjunto. De resto, estou e sou feliz com os meus alunos. Quando não estou digo-lhes mas também lhes digo quando estou, sempre lhes digo quando estou. Claro que há muitos aspetos a melhorar - as entradas, o estudo, a curiosidade extra-aula, os conhecimentos culturais, a dependência dos telemóveis e dos outros gadgets, a linguagem, sobretudo nos corredores e no espaço exterior, e tantos outros. É uma geração dos diabos, fruto dos estilos de educação e da sociedade atuais, media incluídos, que são permissivos, pouco rigorosos, confusos e alienadores. Mas na sala de aula, na aula de inglês, e repetindo que não sendo sempre perfeito, as coisas estão muito bem. E quando assim é uma pequena maravilha, que nos tranquiliza, dá alento e motiva-nos a fazer melhor. Não quero que interpretem este post como uma arrogância ou um auto-panegírico. Já tive experiências que não foram nada disto, poucas, é certo, mas aconteceu. Apenas me apetece partilhar o bom que é gostar das minhas turmas - e acreditando que o sentimento é mútuo.  O inglês só fica a ganhar, digo eu. Espero eu. E nós também.

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