Conversa ao almoço, mesa redonda, cinco
colegas
Degustamos
pratos gourmet, no nosso polo de restauração, confecionados pelos alunos de
forma irrepreensível.
Não falamos
da crise mas do caráter português. De sempre. Sisudos, invejosos, críticos,
covardes, vaidosos, profundamente infelizes. Adoramos criticar tudo e todos,
invejamos o êxito dos outros, vivemos tolhidos pelo medo, exibimos arrogâncias
morais e não conseguimos sorrir para a vida. Muitos de nós não são assim mas muitos de nós são.
Conversa com a minha dentista
Estou sentada
na cadeira, pelo final da tarde. Esta mulher admirável e eu, mais uma vez, partilhamos cumplicidades.
Ambas otimistas,
não acreditámos que a crise pudesse chegar onde chegou. E no entanto a
preocupação instala-se à medida que a realidade ultrapassa o nosso caráter
esperançado. Concluímos que o otimismo pode ser falacioso, mesmo perigoso se
nos impede de ver o perigo aproximar-se. Por outro lado, é-nos impossível viver
no pessimismo constante. Porque este paralisa.
Conversa cá em casa
Ao jantar; mais ou menos isto.
- Há muita
gente que se endividou, que viveu de crédito(s)…
- O estado é
que o permitiu.
- Então mas
não achas que as pessoas se demitem de muitas responsabilidades?
- O estado é
que tem a culpa.
- Mas eu posso
ser pontual, por exemplo, mesmo se o patrão não é. Não preciso de modelos para
ser responsável e profissional.
- Tu sim, mas
muita gente não. O estado tem de dar o exemplo. Os que chegam atrasados não têm
culpa, quem tem culpa é quem não os chama à atenção e os pune.
- Então mas o
estado tem culpa de tudo?
- Pagas impostos
portanto o estado tem de te assegurar tudo.
- Ok, já
percebi… Muita gente diz isso, realmente. Só acho que as prioridades andam
trocadas – transversalmente…
- Mas também
tens razão, aí. E há quem não faça absolutamente nenhum e queira os direitos
todos.
- Ah, bom…
Convivência democrática e a vaga ideia de que não percebo mesmo nada disto. Apesar de não achar que esteja completamente errada...
Se a inveja fosse elegível o Cavaco não estava em Belém (não se perdia muito).
ResponderEliminarA minha dentista diz-me para abrir a boca mas não me deixa falar...
Ao jantar, por vezes, os diálogos são difíceis. Porque não experimentar ao almoço?...
Abraço
ResponderEliminarO diálogo ao jantar foi elucidativo,jrd:) Eu andava a desculpar muito o estado. :)
Quer que lhe diga o contacto da minha dentista? LOL Garanto-lhe que fica fã:)
O presidente está em Belém? De certeza? :) (O meu lado naughty,ok)
Hilariante o comentário do jrd!
ResponderEliminarMuito bem descrito o caráter português. Concordo com tudo, mas também temos bom caráter! :) Marla
:) Alguns mais do que outros:)
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