julho 19, 2014

A seu tempo

                      

Veem-se imensos pais atuais com pressa de que os filhos cresçam depressa, antecipando mundos adultos que deveriam chegar apenas no seu tempo. Ou escravizam os miúdos com horários e atividades non-stop ou deixam-nos antever formas de entretenimento que não são próprias do seu mundo infantil. Lembrei-me mais uma vez disto a propósito da presença de crianças de 6, 7, 8, 9 anos em concertos pop ou rock (por exemplo, estavam várias no dos Rolling Stones, vi nas reportagens televisivas). Também já vi, tempos idos, muitas crianças pequenas em cafés até às duas da manhã, de forma que diria quase habitual. Interrogo-me se as crianças conseguem apreciar este tipo de divertimentos ou se são os pais que promovem estas coisas por pura vaidade - pode ser por ignorância, mas não acredito. Ou se os pais não conseguem colocar o bem estar dos garotos à frente dos seus próprios interesses de diversão. Sou um bocado fundamentalista nestas coisas, voilá, nobody is perfect - considero que se deve controlar as horas de deitar dos miúdos, que se deve controlar os seus hábitos alimentares, que se deve controlar as imagens que veem na TV, que se deve controlar o tipo de coisas que têm no quarto, que se deve controlar o uso de palavrões, que se deve controlar a obsessão por marcas, que se deve controlar o descanso e que se deve controlar o encanto do imaginário infantil. E quando a palavra controlar soar feia e não for aplicável substitua-se por respeitar. As pessoas grandes não estão, muitas vezes, para fazer sacrifícios em favor das mais pequenas. E arrastam-nas consigo para horas e locais que não são os destas. Ou então querem à viva força que os rebentos saibam tudo, vejam tudo, façam tudo o mais cedo possível, como vantagem sobre os outros. Nada a apontar sobre o desejo de sucesso dos nossos filhos, é naturalíssimo, mas importa também refletir a que preço. As crianças não têm tempo para ser crianças, sendo atiradas para espaços e horários que afetam o seu bem estar, concentração e afetos, constituindo estes o pilar do seu esperado e harmonioso desenvolvimento emocional. Sem muitos dramas nem cultivando os traumas, a verdade é que nestas matérias costumo estar do lado dos psicólogos. Dê-se afeto e tranquilidade aos miúdos, isso é que é o que realmente mais importa. E, sobretudo, tempo. Tempo em várias e essenciais formas.

3 comentários:

  1. Faty diz muito bem ; " atiradas para espaços e horários que afetam o seu bem estar " pois aqui no Algarve é ver as horas que as crianças chegam à praia com os pais, a horas de regressar a casa seria o mais conveniente para o seu bem estar.Bom fim de semana. Beijinhos

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    1. Olá. Aliete, pois, embora em tempo de férias tudo seja e possa ser mais descontraído. (A não ser que esteja a falar das horas de forte exposição solar.) Já o resto já é mais preocupante. Beijo para aaí, para esse sul quente e maravilhoso

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    2. Olá Faty, é precisamente da forte exposição solar que falo, mesmo em férias, é preciso cuidado. Abraço.

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