Este ano, por razões profissionais, sobretudo, tenho andado mais distante da blogosfera. Tenho sentido imensas dificuldades em manter o blogue e às vezes penso mesmo em terminar esta aventura. É preciso tempo, disponibilidades várias, coisas que por vezes escasseiam, especialmente quando a nossa atividade profissional é absorvente e se tem uma vida pessoal e familiar que não se quer descurar. Desta forma, não tenho tido oportunidade para ler os outros que tão bem pensam ou escrevem. Em todo o caso, no outro dia dei uma espreitadela a alguns blogues, poucos, é certo, e roubei um excerto de um post que agora transcrevo aqui. Trata-se de uma belíssima reflexão que espelha o modo em que vivemos, ainda que alguns digam que não, por estarem tão metidos na engrenagem que nem o notam ou porque há a ideia que, de alguma forma, assim é que deve ser.
O mundo
contemporâneo parece basear-se na ansiedade permanente em relação ao eu.
Ninguém se pode sentir bem na sua pele com a obsessão geral de que é preciso
ser mais belo e mais jovem e mais rico e mais inteligente e ainda mais elegante
e mais sofisticado e mais tudo. Somos constantemente bombardeados por desejos
que não podemos concretizar e cada pessoa sonha intensamente em sair de si
própria. Assim, a raiz da insatisfação moderna pode estar na forma como nos
habituámos a olhar sobretudo para as imperfeições. A sociedade e a cultura são
pinturas exageradas das nossas vidas. E, sendo o mundo cada vez mais complexo,
queremos tudo simplificado, queremos poder pensar o menos possível, pois já não
temos tempo, a mente ocupada com as catástrofes iminentes que o acaso plantou
no nosso caminho. E assim estamos quando os prazeres não nos anestesiam.
Não o diria melhor, impossível. Por Luís Naves, em O Fragmentário.
Não o diria melhor, impossível. Por Luís Naves, em O Fragmentário.
Uma reflexão muito pertinente que espelha bem a sociedade atual.
ResponderEliminarO stress, o multitasking e a obsessão em ser/parecer perfeito(a) contrasta com o tal estado de anestesia em que se cai ou corre o risco de cair facilmente. A pressão criada por padrões de beleza da indústria da moda, as faltas de condições laborais combinadas com a constante busca de perfecionismo e o bombardeamento de informação na internet conduzem facilmente a estados de ansiedade, insatisfação e até depressão. Marla