julho 18, 2013

As pontas do iceberg


Não faço ideia de como estão as coisas neste momento na salvação nacional. Não sei se há fumo branco, preto ou de outra cor qualquer, já que de cores também se trata. Não tenho tecido comentários acerca destas últimas três semanas, por opção e por há quem o tenha feito e faça melhor do que eu, insisto. Mas posso dizer que tem sido confuso, por vezes hilariante, nada que não se possa passar lá fora e, desse ponto de vista, até normal, se olharmos para o estado do país e tudo o que isso permite.
Sem ter visto ou ouvido hoje as notícias, aqui fica um resumo do que penso sobre as figuras em questão, num registo meio sério, meio humorístico, porque não estou com capacidade - nem vontade - para muito mais.

Paulo Portas - toda a gente tem o direito de sair por consciência, até o de voltar atrás, ainda que voltar com mais poderes signifique ambição, pessoal ou não só, e não propriamente consciência. Que foi o que, na verdade, pareceu. En tout cas, a esta hora deve estar francamente arrependido. Não só foi criticado pelas trocas e baldrocas, como depois levou com um veto (e um vexame) tão inesperado e tão grande que acabará por perder tudo. Ou deitar tudo a perder, que será o mesmo. A ver vamos. Em baixo, nas sondagens de popularidade, e decerto pessoalmente, com a derrota, porque não deixa de o ser. 

Pedro Passos Coelho - embora esteja farta desta governação, que tira tudo a quase todos, ainda não consigo odiar o estilo do PM. Dificilmente resisto a um Leão, são coisas minhas, ainda por cima com tendência para o exótico. Quanto ao resto... Decidiu ficar, o que pode ser visto como responsabilidade ou cegueira, é só escolher, haverá uma verdade para todos. Mas penso que será difícil isto aguentar-se. Eu se fosse mulher dele, agradecia que viesse embora. Mais ou menos como o pai disse, ainda por cima a perder beleza a cada dia que passa. Como cidadã e professora, também pode ir indo. Não deixará saudades, na verdade. Piorar ou melhorar, só vendo depois.

António José Seguro - de inseguro a desejado, já que tanto à direita como à esquerda o querem para reforçar a maioria ou para a liderar. Agora é que são elas, governar não é o mesmo que dizer que se quer ou sabe como governar. Sempre estou curiosa para ver o que aí vem. Mais do mesmo, já que não saímos dos mesmos de sempre, ou soluções que realmente nos permitam não naufragar? A ser assim, até me rendia, mas até lá, e porque já lá estiveram há tão pouco tempo, também não lhe compro o discurso. Mas posso enganar-me e ele vir a ser um grande líder. Credo, não, isto soa tão mal. Um bom PM, era isso. Se isso existe, claro. Em Portugal, claro, também.

Cavaco Silva - a coisa mais fantástica que li acerca dele, porque gostei de tantas que li, foi a satisfação pelo cheiro a napalm quando largou a bomba (in "Delito de Opinião"). Na verdade, partiu tudo e baralhou mais ainda. Para quem vivia e vive em silêncios e recolhia críticas por tanta passividade, mostrou-se surpreendente. E, pior, contraditório, porque aceitava que se fizesse trinta por uma linha aos portugueses mas não aceita a remodelação, da sua área política, que nasceu de um capricho, pensará ele. A aparência cinzenta e rígida revela mesmo um caráter pouco dado a flexibilidades, boas ou más. Eleições presidenciais, quando são?

4 comentários:

  1. Conseguir (ainda) pensar e bem, inspirada num quarteto tão pouco credível, é um exercício de enorme dificuldade, que merece um comentário de aprovação.
    Abraço

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    1. É sempre bom não ser chumbada:) Abraço amigo ... e agora vamos ver o que vem aí. Parece que a orquestra não tocará por mt mais tempo... ou será que sim?

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  2. Estou tão farta desta orquestra e da infindável sinfonia que lançou o país num caos. Mas suspeito que à esquerda ou à direita, a sinfonia manter-se-á. É triste não haver perspetivas para o nosso país, ver que os políticos só tratam da sua vidinha e não querem ver a miséria crescente em que vive o nosso povo...
    Resumindo, o Portas é um salta-pocinhas, disposto a tudo para se safar da bronca dos submarinos; ao Passos Coelho, não lhe vejo nada de exótico, nem leonino, mais parece um dragão a desbastar o nosso país com o seu fogo; O Seguro não convence ninguém e o Cavaco parecia partir a louça, mas depois voltou ao seu estado habitual: de múmia. Marla

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