junho 10, 2013

Quem espera


Esperar é difícil, e de que maneira, especialmente para os impacientes. Em qualquer percurso, esperar é um teste à paciência, à perseverança, à resistência. Esperar desespera e, no entanto, esperar significa também alcançar. Lembrássemo-nos mais vezes disto e as coisas poderiam ser, ou ter sido, diferentes. O que se faz, enquanto se espera? Bem, tem-se vontade de desistir, acabar com tudo, tomar outro rumo, parar, voltar para trás, ceder, não continuar. Instala-se o desânimo, a dúvida, desacredita-se, e desacredita-se naquilo que somos, inclusivamente, desespera-se, repita-se. E há quem o faça, provavelmente, ou fazemo-lo algumas vezes, deixamos de acreditar que é possível, tornamo-lo mais impossível, pelo menos na nossa cabeça. E de uma certa ansiedade dolorosa vem então o fim do sonho, do que imaginámos como nosso e que reservámos para nós. Nestas alturas a espera chegou ao fim, pensamos. Nada mais virá, não vale mais a pena. Porém, subitamente, vem a surpresa. Pode vir, e virá, na hora certa. Quando já tínhamos abandonado o nosso objetivo, quando já nos tínhamos preparado para perder a aposta em nós. A espera foi compensada, a espera compensa, frequentemente. É uma intrincada jornada mas vale a pena esperar pelas coisas boas. Ou, de outra forma, as coisas boas, verdadeiramente boas, só vêm com a espera. Por isso, importa continuar. No desespero, muitas vezes, mas continue-se. No fim da espera, há qualquer coisa. Boa, verdadeiramente boa. E isso não é uma coisa qualquer. 

6 comentários:

  1. Será que ainda teremos tempo para esperar outra coisa que não uma nova espera?...

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    1. Bom, falo de experiências pessoais, não sociais e muito menos políticas. :) Isto se entendi o seu comentário, jrd:) E portanto, depende :)

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  2. Certo, mas esperar é dos atos mais passivos e difíceis que existem!

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    1. Eu diria desesperante, Teresa. Ninguém gosta de esperar. :) Sou impaciente, em coisas menores, mas em coisas maiores, vejo que tenho sabido esperar. Ou não tive nem tenho outro remédio:) Mas a sério, há que cultivar mais a paciência. Não a passividade, acho que são distintas.

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  3. Se a espera é circunstancial é só una coisa chata, que nos irrita momentaneamente... Mas se a espera tem como objectivo alcançar alguma coisa (ou alguém) é preciso insistir (resistir). No fim saberemos se valeu (ou não) a pena.

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    1. Pois, é isso mesmo, tri. Eu sou impaciente na "primeira" e paciente na "segunda". :)

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