Uma conhecida cara da nossa praça disse que consegue manter o seu acelerado nível de trabalho porque, e cito, "não faço rigorosamente nada em casa", acrescentando que tem obviamente quem faça as tarefas por ela. Não, não vou criticar esta confissão, de todo. Na verdade não consegui evitar uma colossal inveja deste estilo de vida. Tirando qualquer espécie de doença ou impedimento trágico, este é o modus vivendi a que eu almejo desde sempre. Nós, as mulheres que têm uma profissão, que também têm filhos, sobretudo pequenos, e que realizam as inúmeras tarefas domésticas, não conseguimos competir, frequentemente, com as que só têm de preocupar-se e ocupar-se com a profissão, ou então que nem sequer uma profissão têm, e isto em termos de frescura, boa disposição, aspeto, disponibilidade de vários tipos e demais apetrechos que nos fazem inclusivamente até perder maridos e companheiros que, coitados, não resistem às curvas da vivacidade e do prazer, quer dizer, lazer. Assim, de caras, é uma realidade. Ainda que haja as super mulheres que tudo parecem ou dizem fazer, muitas vezes as marcas desse esforço, abnegação ou escravidão estão no rosto, no corpo ou manifestam-se de uma forma qualquer. Pessoalmente, quem me dera, estando saudável, não ter de fazer rigorosamente nada em casa. Não, nada, nem cozinha, nem roupa, nem aspirador, nem mangueira, nem camas, nem esfregona. Sobretudo nada que me roubasse tempo, energia e paciência ao tentar, que remédio, fazer quase tudo. E beleza, então não. Tenho dito, de forma totalmente honesta e desassombrada.
Logo no dia a seguir dou de caras com a frase de outro nosso conhecido a nível nacional. Dizia ele, citando novamente, "em casa ela é que faz tudo", referindo-se à sua super companheira e decerto embevecido com estes super poderes que o safam a ele de colaborar (já nem me atrevo a dizer dividir...) nas tarefas quotidianas do lar. Resta saber se "ela" está mesmo satisfeita no seu papel de super fada doméstica que poupa e decerto mima o seu macho e se alimenta isso mesmo ou se, à falta de cooperação, por defeito de fabrico ou ausência, nada mais lhe vale do que a sua incrível energia e juventude. Claro que, neste caso, os filhos ainda não vieram e não sei se a mesma eficiência aguentará o que acompanha a maternidade. Ah, claro, sempre pode arranjar alguém que faça depois rigorosamente tudo. O que é o ideal, pelo menos para mim. Seria, como já deixei claro acima. Mas, de uma maneira ou de outra, com filhos e cadilhos ou não, como me chateia esta coisa da mulher (ter de) ser sempre a eterna gata borralheira (e preferencialmente terna ao mesmo tempo, por razões evidentes). A história é sempre a mesma, muda o tempo e não muda a vontade. E aqui a culpa é todinha do machismo. Ou deles ou delas, que o fazem subsistir.
Aqui em casa fazemos tudo por igual e por vezes sinto que isso é encarado por outras mulheres como laxismo da minha parte. E coisas como ele acompanhar-me às consultas de gravidez foi visto pelas colegas de trabalho dele como uma coisa de dondoca...
ResponderEliminarSem dúvida, MS, ainda há mulheres que criticam mulheres que não apreciam as lides domésticas. Burqas interiores não faltam por aí... :) Não apoio a escravidão, seja em que sentido for :) Por isso detesto machos que nada fazem em casa. Resta saber se as mulheres resmungam - e com muita razão - ou se são tão extraordinárias que não precisam de ajuda. Ou ainda se são tão palermas que aguentam com tudo- contrariadas - sem um queixume. :)
EliminarComo te compreendo... O ascendente leão não é nada dado a tarefas do lar, mas sim ao "dolce fare niente". O elemento leonino gosta mesmo é de relaxar.
ResponderEliminarMas bem sabes onde reside o mal: enquanto se alimentar o machismo e não se educar os filhos homens para colaborar nas tarefas do lar, as mães (e os pais também) terão uma grande culpa na manutenção desta realidade tão típica dos países latinos.
Marla