agosto 10, 2014

Tudo isto é pobre



A informação televisiva nos canais generalistas portugueses, dia ou noite, é cada vez mais deprimente. É extremamente pobre, redutora e nada ajuda ao esclarecimento e à informação essencial e necessária. Os jornais duram 1h 30m e grande parte do seu conteúdo é um desfilar de arraiais, feiras, festas, concertos e festivais, mais parecendo um roteiro de férias do que um espaço privilegiado para informar convenientemente. É alarmista, não quebra preconceitos, sendo tendenciosa, e sem qualquer visão global sobre os acontecimentos. Um rol de disparates aborrecem quem quer centrar-se na verdade - ou nas várias verdades - e saber mais com mais rigor e com qualidade: há notícias que são dadas em primeiro lugar sem tanta relevância - ou nenhuma - em relação a outras tão mais importantes; as reportagens de rua feitas por cá são péssimas, com perguntas a roçar a idiotice e que nada trazem de válido ou significante a quem vê as notícias; focam-se aspetos que nada têm a ver com a informação mas com diversão e afins - para isso deveriam criar programas próprios que seriam vistos por quem quisesse, não nos obrigando a ter de passar pelas romarias várias antes de chegar, por exemplo, às notícias internacionais de grande impacto; não parece haver repórteres que cubram decentemente os acontecimentos nas áreas de conflito mundial, no terreno, como já houve antes; a duração é demasiado longa e obcecada com os problemas internos, desde a banca ao governo, explorando essas temáticas até à exaustão, criando por vezes angústias e confusões desnecessárias - gostamos da verdade, obviamente, mas não nos inundem a hora de jantar com  novelas intermináveis criadas basicamente pelos mesmos temas. Posto isto, já quase não vejo televisão portuguesa nenhuma. Correção, já não vejo nenhuma televisão portuguesa. Deprime, desinforma, formata, promove o sensacionalismo, valoriza o supérfluo ao mesmo tempo que ignora o relevante. Dá a sensação que não existem diretores de informação e responsáveis que vejam o estado da informação atualmente e as consequências que traz. A ignorância popular grassa, anestesiada ainda por cima, nesta altura, pelo verão e as suas mil e uma noites de música e de gastronomia. Para onde vamos assim, interrogo-me. A visão estreita-se, a grandeza fica cada vez mais longe. Descreva-se tudo isto numa palavra: pobre. Tudo muito pobre.

4 comentários:

  1. A silly season dura uns dois meses a silly TV dura o ano inteiro.
    :)

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    1. Isso, isso. Haja romarias e festas para a sustentar. :)

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  2. A tv portuguesa está cada vez mais medíocre e no verão, então, torna-se completamente insuportável. É romarias, bailaricos e música de gosto muito duvidoso de manhã à noite. Chegando a hora do telejornal, é aquilo que tão bem descreveste. Muitas saudades deixa a televisão doutros tempos feita com seriedade e pertinência.
    Marla

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    1. A televisão que nós, com apenas 2 canais, víamos e com a qual aprendíamos!

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