Despertando um pouco das nossas rotinas atarefadas mas apesar de tudo normais comparadas com a anormalidade de tantas vidas que andam ao sabor da geografia do poder, aqui ficam hoje duas notas de espanto ou horror, sobretudo por elas, as vidas debaixo dessa louca espiral de retrocesso e violência.
1- Na Turquia, um belíssimo país que visitei há mais de uma década e que adorei, o PM atual diz qualquer coisa do género "As mulheres devem evitar rir em público". Não li a notícia toda, apenas o título, e assumindo-a como verdade pensei logo que, no meu caso, estaria verdadeiramente tramada. Mas o que aqui está implicado é muito mais do que uma simples graça por parte de quem está à distância. Significa uma absurda caminhada no processo de islamização, aparentemente discreto para o ocidente, que se está a levar a cabo na Turquia moderna, filha de Ataturk. Sou completamente a favor das liberdades individuais e do estado absolutamente laico. E desilude-me profundamente uma figura - Erdogan -que me parecia moderada e equilibrada, até elegante, tão diferente no porte das figuras mais fundamentalistas que estamos habituados a ver nos media. O ano passado conheci uma turca em Erasmus, aqui na UA. Era completamente contra este PM e as suas políticas de islamização social. De facto, como poderão viver sob este e outros disparates os jovens que vi em Taksim, Istambul, entre tantos e tantos outros?
2- O ISIL ou ISIS, o unilateralmente declarado Estado Islâmico do Iraque (e Levante/Síria) é um perigoso movimento- porque alucinado e medieval - que surgiu no norte do Iraque no âmbito da queda de Saddam, na subsequente vingança xiita contra os sunitas iraquianos do antigo regime, e agora como vingança anacrónica e brutal - brutal, mesmo - contra todos aqueles que a organização considerar inimigos, xiitas e cristãos incluídos, sem esquecer a condição feminina, numa onda de terror e de obscurantismo completamente inconcebível. Ontem estive a ler alguns artigos acerca da organização, considerada brutal, repito, até pela Al-Qaeda, espelho também da confusão de alianças políticas, religiosas e étnicas que é praticamente impossível de entender por aqueles lados. Em casa, é-me dito diz-me que agora lembraram-se de falar em países como Portugal e Espanha, que também foram mouros e que, portanto, devem fazer parte desse grande estado que viria de lá de cima por aí fora até cá abaixo. Isto de ser moda querer restaurar fronteiras a partir de livros religiosos de há milénios é uma profunda idiotice e um desrespeito pelas leis internacionais modernas em tempos de ONU e de declarações universais. Sobretudo o que isto representa no terreno: ilegalidades e imoralidades que repudio totalmente.
O que me choca nestes fundamentalismos todos é a certeza que gente inocente e de bem, que há invariavelmente em todo o lado, sofre de forma chocante e indefesa quando cai sob a alçada de insanidades que intimidam e forçam pela uniformização e pela intolerância, pelo terror e pela violência. O exercício do poder, já de si perigoso, pode tornar-se desumano e demente nas mãos de loucos. Assim foi ao longo da história, em que uns oprimiram e brutalizaram outros. Mas o meu choque advém não do conhecimento da história mas da constatação de que nada aprendemos com ela. Estão a acontecer coisas terríveis por esse mundo fora que não podiam nem podem acontecer, repito, não em tempos de direitos humanos, tecnologia e modernidade. Isto assusta-me profundamente e temo. Temo por aqueles que, geograficamente ou não só, a essas terríveis coisas não conseguem, infelizmente, escapar.
E quanto mais vejo e escuto ou leio sobre esta loucura humana mais me apetece ficar a olhar o mar ou estar perto dos flamingos que se instalaram perto da minha casa.
É triste ver o fundamentalismo a aumentar em certos meios, desconhecendo os planos que essa gente vil reserva para os que vivem à sua volta e até para os que estão longe, como nós. Verifica-se muito abuso de poder e ignorância nesses atrasados mentais, que usam a lavagem cerebral para recrutar mais elementos para esses grupos. Indivíduos como Bin Laden e Saddam Hussein foram declarados "vilões" pelo Ocidente. Também nós fomos sujeitos a lavagem cerebral pelos E.U.A.. Não que estes indivíduos sejam inocentes, mas, por exemplo, o Iraque estava sob controlo na era do Saddam. Desde que ele saiu do mapa, é um território em guerra, que piora a cada dia...
ResponderEliminarDevemos temer, sim, enquanto houver loucos radicais e intrusão contínua dos E.U.A.. quando, por vezes, não é a melhor opção ... Marla
Os EUA são uns justiceiros tendenciosos e os terroristas dos EI uns criminosos bárbaros.
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