Há dois ou três dias, apanhei por instantes um apontamento jornalístico num canal de notícias nacional e onde se falava do tecido de que são feitos os atuais líderes mundiais. O que foi dito - e tão bem dito - reforçou a evidência de que estão todos muito longe de um líder de alma grande chamado Nelson Mandela, pela total ausência de valores ligados ao serviço público e à ética e pelo culto quer dos interesses económicos e financeiros quer do seu próprio eu. Na verdade, não há figuras mundiais inspiradoras, que possam, de forma inteligente, altruísta e bondosa, mudar o rumo dos acontecimentos para construir sociedades mais justas e mais dignas. Mas não é só nos políticos que esta realidade se verifica. De um modo geral, todos se comportam deste modo. Os bens materiais e a obsessão pelos egos e pelas imagens que se tentam projetar tornam as pessoas cada vez mais histéricas, calculistas, e desumanas. Cada vez há menos serenidade, humanidade e generosidade. Há, infelizmente e numa palavra, cada vez menos bondade.
Não sei se sou eu que vivo na utopia por ler com frequência o que diz, mas apesar de considerar que a bondade escasseia, como sempre escasseou (do meu ponto de vista) não acho que esteja a diminuir cada vez mais. Sempre que vejo algo que me revolve as entranhas, consigo ver também e paralelamente algo que admiro.
ResponderEliminarSinta-se sempre, sempre à vontade para discordar, MS, gosto muito que me visite(m) :) De facto, e aqui concordo, há sempre algo ou alguém para admirar, felizmente, mas pessoalmente aquilo que penso é: por cada 2 coisas ou almas verdadeiramente nobres que vemos há umas largas dezenas (?) que são o oposto. Isto se formos ao mais profundo da noção de bondade e nobreza. :) A nível de lideranças mundiais não vislumbro ninguém gigante desta forma. E a nível geral, penso que somos todos muito bonzinhos para quem gostamos e ficamos por aí. Como disse uma grande amiga há dias, assiste-se hoje a uma globalização da indiferença.
EliminarEu tenho alguma dificuldade em definir uma alma verdadeiramente nobre :) Sinto sempre que não está em consonância com a imperfeição humana. Concordando com o que diz que escasseia, a questão acaba por ser a de não ter essa perspectiva de que estamos cada vez piores, quando diz que há cada vez menos bondade. Curiosamente ainda ontem estava a "debater" isto noutro blogue, onde a autora referia que estamos no abandono da excelência e aceitação da mediocridade. Serei só eu que olho para trás e nunca vi o ser humano mais bondoso do que hoje? Ou que nunca o vi mais excelente? :)
EliminarMS, concordo com essa "autora" quando diz que estamos no abandono da excelência e na aceitação (e até promoção) da mediocridade. Completamente. Penso que houve, a nível da humanidade, avanços tremendos em muitas áreas mas também retrocessos em muitas outras. Isto dava conversa para horas :)
EliminarA ausência da bondade é uma tragédia. Mas muito pior é a sua ambiguidade quando está presente.
ResponderEliminar.
Sem dúvida. Uma espécie de bondade condicional..., certo?
EliminarProvavelmente o único líder que se aproveitará nos dias de hoje é o Presidente do Uruguai, José Mujica, que vive uma vida despojada de bens materiais, longe dos holofotes da arena política e que doa uma grande parte do seu salário a quem mais precisa. Já os outros...
ResponderEliminarMarla
Desconhecia essa informação, Marla, vou saber mais sobre o assunto. De qualquer forma, faltam personagens magnânimos nesta área... os tempos são de pequenez.
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