agosto 01, 2014

Seleção natural




Não cabem na nossa vida todas as pessoas que cabem no nosso coração. Ou, se se preferir, na nossa mente. Não conseguimos albergar os afetos de forma física que seja perpetuada  no tempo e permanente no espaço. Não é possível. Daí que, mesmo sem querer, se vão deixando pelo caminho simpatias, afinidades e cumplicidades. O tempo e o espaço encarregam-se de traçar os nossos encontros e também os desencontros. Mesmo que a vontade seja a de manter todos aqueles que vamos conhecendo e de quem gostamos, telefonando, escrevendo, estando pessoalmente, nem todos se mantêm presentes nos nossos dias. Nem nós nos deles. Não nos é possível, já disse, não com todos aqueles que encontramos pelo caminho e que nos deixaram uma boa memória. O que fica de alguns deles pois então? Ou, possivelmente, de muitos? Um rosto, uma frase, um local, um sorriso, um momento, um nome, tudo em simultâneo ou nem por isso, uma emoção, uma saudade, um lugar cá dentro. Até mesmo sem nunca mais lhes termos posto a vista em cima.

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