É um facto, em tempos ditos democráticos e de apregoada valorização do mérito. Muitas decisões profissionais ainda decorrem de simpatias e antipatias pessoais. Por vezes pequenas coisas, mas que podem fazer grandes diferenças. No tratamento, na distribuição dos serviços, nas promoções, na avaliação. Se temos a sorte de cair em graça, muito bem. Se não, a corda rebenta para o nosso lado. Mas poderá alegar-se que se se cai em graça é porque se é naturalmente engraçado e portanto meritoriamente reconhecido. Pois não é assim, já o sabemos, de acordo com o ditado que o título indicia. Há incompetentes, broncos e intratáveis que são favorecidos nos locais de trabalho e há competentes, briosos e inteligentes que não o são. Porque é que estes últimos não conseguem, muitas vezes, as simpatias e os agrados, feitos a outros, no exercício da profissão? Porque habitualmente falam, leia-se, manifestam a sua discordância, porque são independentes e não alinham em lobbies e grupinhos bajuladores, porque não trabalham para a fotografia, porque têm opiniões próprias e que não coincidem com as chefias e sub-chefias, porque mantêm a dignidade individual em detrimento do servilismo e da coletividade forçada. Todas estas caraterísticas pagam-se caro no emprego, sobretudo se não houver imparcialidade, rigor e honestidade por parte de quem decide e faz escolhas que afetam a organização do trabalho e consequentemente a vida laboral de quem comandam ou empregam. Enquanto funcionarmos assim, enquanto contribuirmos para que isto permaneça igual, nada mudará. De nada nos valeria ter os melhores políticos se na escala local, cá no mundo do trabalho, prevalecerem valores invertidos. O mérito é uma falácia, em muitos casos. E as represálias contra quem discorda e quem não adere a um denominador comum, seja ele qual for, continuam a fazer-se sentir. Os equilíbrios são difíceis de gerir, não agradamos a gregos e a troianos, mas a imparcialidade, justiça e reconhecimento do verdadeiro valor deveriam presidir a todas as posturas e decisões. Porque posso ser mesmo engraçada e ter o azar de não cair em graça.
Se tivesse de 'avaliar' este texto seria capaz de lhe dar um "Muito Bom".
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:) Obrigada, jrd, muito me alegra a sua avaliação:) Gostei de o escrever pois, apesar de não dizer nada de novo, é bom lembrarmo-nos disto - algo que continua a ser observável na nossa realidade próxima. Bom fim de semana*
ResponderEliminarComo te entendo amiga...aliás todos entendemos muito bem..mas infelizmente como foi aqui muito bem retratado..a nossa sociedade é e será sempre ..grupo de pessoas com muito pouco valor.. Mas não desistas, estás certa..revela muita qualidade humana e sobretudo muita inteligência,,, vamos..eu falo a mesma língua..por isso não estás só. Beijinho
ResponderEliminarOlinda, não estava a pessoalizar o assunto:) Não é uma questão de solidão e desistir ou não, é apenas a constatação de como funciona a engrenagem laboral, para lá dos políticos e dos modelos. :) Obrigada pela leitura.
ResponderEliminarConcordo plenamente! É o retrato da nossa sociedade e uma realidade mais habitual nos povos latinos do que nos nórdicos, apesar de ter tido conhecimento recentemente da situação de alguém que perdeu o emprego na Suíça porque não agradava a uma colega de trabalho... Por causa de simpatias/ antipatias, alguém perdeu o posto de trabalho que mantinha há 11 anos, tendo 3 filhos para sustentar! Cruel!
ResponderEliminarDizes muito bem: A parcialidade e o favorecimento não existem apenas na esfera política, mas também nas áreas profissional, desportiva,...
Adorei o remate final. E não é que é verdade?
bom domingo! bjs Marla
Tal e qual - não só na esfera política. As pessoas esquecem-se disso, frequentemente. Obrigada, Marla, bom domingo aí na Alemanha!
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