agosto 17, 2012

Atualizações



1. A notícia em estilo mini-reportagem dada pela SIC que crianças palestinianas e israelitas jogam juntas futebol, ao abrigo dum programa que as levou até aos E.U.A., teve em mim dois efeitos. O primeiro, de grande satisfação e alegria por se tratar de uma louvável iniciativa, em dois grupos dilacerados pelos conflitos e que é urgente reeducar. Fico sempre comovida com a aproximação dos povos e sou sensível a esta zona do globo, desde sempre, vá lá saber-se porquê. Gostei de ouvir os treinadores e os miúdos, com discursos de positivismo e descoberta. A prova de que o conhecimento é a chave para matar a desconfiança e o ódio. O segundo, de esperança de pouca dura, pois logo me lembrei de algo semelhante e que, anos mais tarde, não viria a ter os efeitos desejados. Escrevi sobre isso no jornal O Recado, da ESAP, há alguns anitos. Um programa de televisão que mostrava 4 jovens adultos, 2 palestinianos e 2 israelitas,  em colisão e que tinham passado férias juntos num campo de férias em terras americanas. E de como a leveza infantil e a amizade foram esmagadas pelo crescer, em diferentes lados da barricada. Provavelmente ainda hei de postar esse texto...

2. A notícia da bebé que perdeu a vida por causa de um cão deixou-me perfeitamente horrorizada. E hoje o facto de alguém me dizer que na praia um cão sem açaime desfez o rosto de um homem estarrecida me deixou. Receio cães perigosos e cães à solta - e agora ainda mais pelo meu filho, afinal as crianças devem poder andar na rua, é verão -  sem qualquer tipo de preocupação por parte dos seus donos, que não entendem o lugar dos animais e não compreendem que estes possam ser causadores de grandes problemas e tragédias. Há uns anos andava eu tranquilamente de bicicleta quando fui quase atacada por um cão de grande porte (pois são esses que me assustam, naturalmente, embora conheça alguns bem calmos) e ainda por cima fui insultada pelo dono, obviamente sem qualquer ética nem boa educação. Aflige-me que neste país se dê maior importância aos animais do que às pessoas, francamente. E que estranhem quem não comunga dos entusiasmos com a bicharada doméstica. Que de domesticados podem, afinal, ter muito pouco. Mais civismo, mais respeito pelos outros e espaços próprios para os animais que podem causar sustos ou danos maiores...

3. Trinta por cento dos professores sofre de esgotamento, diz estudo - leio num link postado no Facebook. Pudera. E o mais espantoso é que no meio disso ainda fazem milagres, dando o litro de tal forma que chegam ao final dos períodos obviamente esgotados. São tantas as frentes a que têm de chegar e que a maior parte das pessoas, do lado de fora, desconhece. O grande problema reside no desligar. Ou melhor, na incapacidade de desligar quando as tarefas se prolongam para além da escola, entram em casa ao fim da tarde até à noite, fim de semana, ao melhor estilo non-stop. Muitas vezes penso no que será pior - preparar e dar aulas, gerir os grupos e evitar a indisciplina ou despachar a papelada infindável que nos entope. Não sei o que é pior mas sei que as duas coisas ao mesmo tempo, pois assim é a nossa vida, fazem mossa. Quando estamos de férias é que nos apercebemos do extremo cansaço que nos acompanhava e de como a nossa vida não era normal. Por uma questão de tempo, é certo, mas pela indisponibilidade psicológica, e física, de usufruir de uma série de coisas. Passamos o ano letivo esgotados, essa é a verdade. E eu, que sou otimista, neste caso não vejo melhorias futuras. Ou as pessoas mudam e mudam alguma coisa ou esgotados continuaremos.

10 comentários:

  1. As notícias do cães são de facto chocantes. Não sei como acontecem este tipo de coisas, serão por treino, serão por descuido, não sei. Prezo os animais, mas choca-me que seja possível no nosso País cenas como estas... Ou em qualquer outro.

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  2. Eu que o diga que desde que levei uma marrada de um dalmata sou como o André - gosto de cães mas é ao longe. O meu que é dez-reis de cão e não faz mal a uma mosca vai sempre à rua de trela e faz um percurso grande para não ficar em stress.
    Quanto ao esgotamento dos professores, digo apenas aos que não acreditam "perguntam aos professores quanto e como dormem" é esclarecedor!
    Sagi

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  3. Gostei de tudo o que escreveu e sei na pele o que relatou quanto ao trabalho dos professores.
    Quanto aos cães, apesar de amá-los (e é esse mesmo o termo certo, para mim), eles merecem todo o respeito. E quando digo "respeito" não me refiro a tratá-los como uma "coisinha fofinha" ou como o "filho que não tive". Refiro-me a respeito enquanto animal que é. E para isso, a responsabilidade é unicamente do dono. Sempre tive cães que eram uns verdadeiros pachorrentos mas sempre que iam à rua, além de irem à trela, usavam açaime. (Sem falar que levava aqueles saquinhos plásticos que muitos donos esquecem.) O meu amor pelo animal não pode apagar o meu respeito pelo ser humano. Por muito que goste do meu cão, não sei o que lhe "passa pela cabeça" e é minha obrigação preservar a integridade física de quem possa cruzar o seu caminho.
    (Desculpe o comentário longo, Não é costume. Mas gostei do seu blog e vou vir mais vezes.)

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  4. O problema está sempre nas pessoas adultas e não nas crianças ou nos animais. Nem aquelas pediram para nascer, nem estes para serem doméstic(ad)os ou viverem em clausura.
    bfs
    Abraço

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  5. Carla - também não sei, mas é por demais terrível... Nem quero pensar na tragédia da criança.

    Sara - pois, quando apanhamos um susto torna-se difícil confiar...

    Rosa - muito obrigada pela visita, volte sempre. Quanto ao seu comentário, é isso mesmo - há que preservar a integridade física dos outros e pensar na imprevisibilidade dos animais. Está certo o que disse, claro.

    jrd - pois é isso tudo. Bom weekend para si também:)

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  6. Atenho-me à notícia sobre o cão que matou a menina, porque também escrevi sobre o tema hoje.
    A culpa é dos donos e de uma legislação que além de estar desenquadrada não é respeitada nem fiscalizada. Provavelmente ainda teremos de assistir a muitas mortes, até que algo mude.
    Bom fds e continuação de boas férias

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  7. Tem toda a razão, Carlos - estamos no país do deixa andar. Infelizmente, são precisas as tragédias para que algo seja feito. Obrigada pela visita e, sim, as férias, thank god, continuam:)

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  8. Que notícias horrendas! Eu gosto muito de animais, sejam cães, gatos,etc. E acredito que a responsabilidade do seu comportamento é sempre dos donos. O comportamento canino é sempre fruto da educação que os donos lhes dão. Há pessoas que não deviam ter animais. Estes merecem o nosso maior respeito e carinho e não merecem alguns donos, que os educam mal, que contribuem para que sejam perigosos e que não têm cuidados quando os levam à rua. Viva os animais, abaixo os donos incapazes e irresponsáveis! Marla

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  9. Quanto aos professores, não é novidade que andamos nas ruas da amargura. Esgotadíssimos e desvalorizados!
    Só há uma mudança a constatar, há 10/15 anos atrás li que os professores eram dos profissionais que mais procuravam a ajuda de psicólogos. Agora, parece-me que a maioria já não possui meios financeiros para procurar ajuda... Marla

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  10. Obrigada pela leitura e pelos comentários. Quanto aos professores, é isso: esgotadíssimos e desvalorizados.

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