O Moínho, de Eça de Queirós, é um belíssimo conto sobre o desassossego em que se pode tornar a existência. E sobre a existência de sonhos românticos que alteraram a ordem de uma vida, esvaziada de paixão. Esta, uma vez instalada, pode fazer abanar a mais bondosa e altruísta das almas. Pois pode fazer cair a mais insuspeita figura, transformar-lhe o caráter e levá-la a loucuras que nada nem ninguém fazia prever. É a tal questão das expetativas. Se não se sonha alto a existência decorre mais ou menos sem sobressaltos. Se se ousa sonhar e desejar algo a quietude esvai-se. E isso pode correr pelo melhor ou não. A paixão é uma coisa diabólica. Há alguns anos li uma entrevista em que um cantor da nossa praça dizia que não queria estar apaixonado, que isso dava uma grande trabalheira. É verdade. A protagonista passa de santa a flor da paixão e da rotineira cadência dos remédios em família passa para a canseira de sustentar o amante. Se pusermos de parte qualquer laivo de romantismo que exista em nós, é verdade. É o desassossego maior. Bem ou mal sucedida, enquanto dura, a paixão é cá uma coisa. Mas, depois e afinal, quem não deseja experimentá-la?
agosto 29, 2012
Antes e depois do amor
O Moínho, de Eça de Queirós, é um belíssimo conto sobre o desassossego em que se pode tornar a existência. E sobre a existência de sonhos românticos que alteraram a ordem de uma vida, esvaziada de paixão. Esta, uma vez instalada, pode fazer abanar a mais bondosa e altruísta das almas. Pois pode fazer cair a mais insuspeita figura, transformar-lhe o caráter e levá-la a loucuras que nada nem ninguém fazia prever. É a tal questão das expetativas. Se não se sonha alto a existência decorre mais ou menos sem sobressaltos. Se se ousa sonhar e desejar algo a quietude esvai-se. E isso pode correr pelo melhor ou não. A paixão é uma coisa diabólica. Há alguns anos li uma entrevista em que um cantor da nossa praça dizia que não queria estar apaixonado, que isso dava uma grande trabalheira. É verdade. A protagonista passa de santa a flor da paixão e da rotineira cadência dos remédios em família passa para a canseira de sustentar o amante. Se pusermos de parte qualquer laivo de romantismo que exista em nós, é verdade. É o desassossego maior. Bem ou mal sucedida, enquanto dura, a paixão é cá uma coisa. Mas, depois e afinal, quem não deseja experimentá-la?
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Felizmente que já não estou para essas experiências avassaladoras!
ResponderEliminarSofro de uma cardiopatia e não aguentaria! :-))
Abraço e obrigada pela simpática visita
Costuma dizer-se que a paixão é cega mas, cá para mim, é também muito dolorosa.
ResponderEliminarRosa, bons ventos a tragam:) Obrigada eu. Beijinhos
ResponderEliminarÉ mesmo, Carlos, é uma carga de trabalhos:) O tal desassossego...
Como sempre Faty, como sempre, tão lúcida, tão clara!!! Andreia Silva
ResponderEliminarTambém adorei... És fantástica!!! :) Ana Madalena
ResponderEliminarAndreia e Ana, obrigada, sei que vocês falam com o coração.:) Grande beijinho para as duas
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