agosto 08, 2014

Emprego a quanto obrigas


Pelo que li ontem, a atriz Penelope Cruz demarcou-se da posição anteriormente tomada relativamente ao conflito israelo-palestiniano, sob pena, e aqui acrescento eu,  de perder contratos para filmes em Hollywood. Passo a explicar. Ao que li, a atriz espanhola fez parte de uma lista de intelectuais e gente ligada ao cinema em Espanha que escreveu uma carta a condenar os ataques e a ocupação israelitas. Nessa lista constavam também os nomes de Javier Bardem, agora marido da atriz, e de Pedro Almodovar, entre outros. A carta caiu muito mal em Hollywood, ao que li também, embora ainda não tenha pesquisado nada online sobre o assunto. Passado uns dias, Penelope Cruz veio distanciar-se do sucedido, alegando mesmo a notícia que ela teria pedido desculpas a Israel. Em Hollywood, o artigo dizia e não é novidade, há um forte setor judaico que controla grande parte da indústria, pelo que é fácil perceber porque Penelope o terá feito. Triste é o facto das pessoas não poderem ter opiniões vincadas e contrárias aos patrões, desde a base da pirâmide até ao topo, pelos vistos. Não saber separar e avaliar o talento ou a competência independentemente da bajulação é, está visto, transversal e profundamente dececionante. E por falar neste assunto, isto tudo confirma o que sempre suspeitei em relação à talentosa, belíssima e adorável atriz portuguesa Daniela Ruah. Que ela conseguiu chegar onde chegou tão rapidamente por ser judia é algo que já penso há muito. Não tenho absolutamente nada contra isso, nem sequer me interessa a religião de nenhum ator e atriz que admiro, neste caso ainda por cima fico feliz por ela ser portuguesa e ter Hollywood rendida ao seu charme. Mas o emprego, mesmo nos meios altamente desenvolvidos, ainda tem panos que a gente (des)conhece.

8 comentários:

  1. Olá. Essa lista de actores de Hollywood está de facto a causar bastante polémica. Assisti a uns comentários da Fox News onde tentavam desfazer o nome de cada uma dos assinantes, chamando-lhes de apoiantes de terroristas e coisas do género.

    Não consigo pensar mal da Penelope Cruz por causa disto. Infelizmente ninguém é totalmente livre e mesmo nos EUA as pessoas não são livres quando se fala deste assunto. Já agora, provavelmente o mesmo aconteceria em sentido inverso se um conjunto de actores europeus fizesse um manifesto pró-Israel. A verdade é que o poder não convive bem com a liberdade de expressão.

    Sobre a Daniela Ruah, sinceramente não sabia da sua religião nem faço ideia se o seu judaísmo terá ajudado a arranjar emprego. Certamente não atrapalhou, mas era bom que se pudesse dizer o mesmo de qualquer religião ou etnia. Mas fez-me lembrar uma outra pessoa que ficou muito mais judaica desde que saiu da faculdade e abriu a sua empresa (ninguém famoso, é "amiga de amigos"). Mas, mais uma vez, não é diferente noutras religiões. Quantos aqui no Médio Oriente não vão rezar sempre com os chefes diariamente e depois ao fim de semana voltam a ficar ateus?

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    1. Olá, António. Relativamente ao apontamento sobre a Daniela Ruah, é meramente uma opinião, claro, um "feeling" :) Isto porque outras jovens atrizes portuguesas foram (estudar) para os EUA, imagino com o mesmo propósito, legítimo, e não conseguiram resultados nem sequer parecidos. Joaquim de Almeida demorou anos e anos a consolidar-se e sempre me papéis muito "estereopatizados" . Considero, contudo, que é perfeitamente natural que se vejam facilitados contactos e se vejam abrir portas tendo em conta os nomes, as origens, os antecedentes familiares, em qualquer parte do mundo, independentemente da cor, religião e origem. O que me fez associar o nome da atriz portuguesa foi o facto de confirmar pela notícia que li que há um forte lobby judaico em Hollywood. e que isso, no seu caso, terá, para mim, claramente, ajudado. Até porque a comunidade judaica é extremamente unida, como sabemos, sendo de resto esse um dos fatores para a sua sobrevivência e prosperidade. (Pelo contrário, já os muçulmanos são extraordinariamente caóticos nas alianças entre si, dando curiosamente primazia a questões de poder do que propriamente à religião enquanto fé e identidade.

      No que diz respeito à penelopr Cruz, já li entretanto mais sobre o assunto e sinceramente parece que a caça às bruxas de McCarthy voltou com outros contornos, é inacreditável. Ela e Bardem foram chamados de "ignorantes" e já se falou ou falava de uma lista negra. A mim o que me aborrece é isso, é que em círculos mais desenvolvidos ainda haja posições deste tipo. Se fossem esferas no Afeganistão ou no Irão ou no Paquistão não me surpreenderia agora não podemos é ter o conhecido liberalismo de Hollywood a funcionar só para um lado (seja ele qual for). Então nas variadas formas de arte podemos ter liberdade de expressão - quer dizer nas fitas - mas os artistas já não? Espantoso.

      De resto, acrescento que concordo consigo em tudo o que aqui escreveu.

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  2. Excelente texto, muito oportuno. Beijo.
    joao de miranda m.

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    1. Obrigada, João, que bom ver-te por cá. :)
      Faz-me sempre espécie esta junção de religião com estado, isso é ser extremista, também. Se se condena o estado de Israel ou o estado do Irão ou da China não se está a condenar o povo todo nem as suas etnias ou credos, mas sim as suas políticas ou aspetos da suas sociedades. Aliás, esticando muito a linha, os representantes e governantes nunca, nunca representam um povo inteiro, essa é a verdade.
      Outro para ti, amigo.

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  3. Graça Amaralagosto 10, 2014

    O que me decepciona são os panos que existem sempre e em todo o lado. Quem hoje é grande amanhã poderá ser pequeno e então será espezinhado. Este mundo é feito de gente hipócrita , sem respeito e pior que tudo isso, desumana. A história ensina muito: quanto mais matas mais conquistas. (Mas conquistas o quê?) Na minha versão clownesca, sarcástica e anarquista, agora veria a conquista como um castelo de cadáveres empilhados numa magnânime escultura de morte e podridão. Aqui e ali apenas uma mão, uma cabeça ou um pé. As visitas teriam um guia cego de um olho e sem uma perna: um sobrevivente. No início da visita seriam distribuidas máscaras por causa do mau cheiro. Uma ala do castelo estaria interdita a visitas alegando estar "em desenvolvimento". Esta ala não seria mais do que um laboratório a desenvolver uma forma de matar sem os efeitos secundários do mau cheiro dos cadáveres apodrecidos nas esculturas. Chamaremos a isto "Arte da Guerra" ou "Arte da pequenez humana"?

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    1. Arte pequena, parece-me uma excelente abordagem. Graça. Debaixo dos panos segue ainda o mundo.

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  4. Disse Clemenceau que nunca se mente tanto como antes das eleições, durante a guerra e depois da caça.
    A ser verdade. Não sei se a Penélope vai desempenhar um papel de candidata, de militar ou de caçadora.

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    1. Ou qualquer outro papel... pelo menos em certos círculos.

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