Ao que parece, este belo filme de Neil Jordan - Ondine - teve distribuição limitada, não chegando às salas de cinema de forma massiva. Eu desconhecia completamente a fita e foi num momento de pura sorte que felizmente a descobri e vi online. Sorte se isso significar curiosidade e insistência, o que tenho vindo a fazer para ver os filmes por mim não vistos do ator Colin Farrel, e que pretendo fazer desfilar aqui. Para já, os diálogos com o padre - na mais pura tradição católica, ou não estivéssemos na Irlanda -os diálogos, dizia, são hilariantes (o homem de fé é interpretado por Stephen Rea). A cena em que Syracuse, o pescador, confessa ter roubado roupa de senhora é um bom exemplo mas há outros igualmente engraçados.
Passamos o filme a maravilharmo-nos com a paisagem irlandesa e a alimentar encantatoriamente o conto de fadas que nos vai sendo apresentado pela filha de Syracuse. É uma história de amor, claro, daquelas que nos parecem impossíveis, absolutamente saída da imaginação ou quase. Por vezes quase mística e, mas ainda assim a fazer reais estragos na tristeza quotidiana deste pescador, dando-lhe esperança, algo que ele receia profundamente. "I´m afraid, father. I´m beginning to hope", traduzindo o medo que todos temos, em algum momento ou circunstância, de sermos felizes. Esperar, arriscar, pode ainda e sempre trazer dor mas felizmente, por vezes, seguimos em frente e dessa forma experimentamos a felicidade - pelo menos a possível, duradoura ou não.
Sonhar com uma selkie qualquer é um bom motivo para sair da sombria letargia dos dias. E fugir da fácil infelicidade é sempre o mais difícil mas vale a pena. Valeu a pena imergir completamente neste filme, valeu a pena dar a sugestão a várias amigas, que também ficaram submersas nas águas desta história, pois viram-na imediatamente assim que a postei no FB, valeu a pena ir até a uma Irlanda aqui quase mitológica que nos seduz pela simplicidade e pela magia.
Comecei por dizer que os diálogos entre Syracuse e o padre estão cheios de humor - "I suppose you´ve sinned with this girl / Of course; I don´t suppose you want absolvition / No". Ainda assim, a melhor mensagem a retirar e as palavras mais eternas serão "Misery´s easy, (it´s) happiness you have to walk at". Ou seja, há mesmo que mergulhar, por mais fria que esteja a água, para se ser feliz. E, por isso, interrogo-me se este será um belíssimo filme apenas ou sobretudo para mulheres. Gostava tanto que não.
Fiquei curioso :) Vou ver e depois digo alguma coisa.
ResponderEliminarAh, que maravilha, António:) Já valeu a pena o post :) :)
Eliminar