junho 24, 2014

Das dificuldades



Há pouco via na televisão a saída em liberdade de Isaltino Morais e saltou-me à vista o cabelo completamente branco e o envelhecimento súbito em pouco espaço de tempo. Recordei imediatamente outros delituosos a quem aconteceu precisamente o mesmo, desde os arguidos do caso Casa Pia até aos PMs Sócrates e Passos Coelho. Em todos estes exemplos foi visível no rosto e no cabelo o aparecimento veloz de marcas de tempos árduos e não propriamente inocentes.  Vai daí que, num ápice, me pus a pensar em mim própria. E eis que a ausência de cor inundou também e imediatamente o meu teclado. Noites em branco, espaços totalmente em branco, brancas inconcebíveis que surgem nos testes, branca de desgaste, cheques cada vez mais a correrem o risco de serem em branco, cada vez menos carta branca, mentiras nada brancas. O meu crime? Bom, não encontro outro, sim, esse mesmo: ter enveredado por esta profissão, que em tempos difíceis ainda é capaz de arranjar mais agruras ao alimentar-se cada vez mais do facilitismo e, espantemo-nos, é verdade, também ela, da impunidade. Está explicado.

2 comentários:

  1. Apesar de tudo, o seu crime compensa...
    :)tímido

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    1. Aí é que se engana, amigo jrd, a mim, só se for em brancas. :)

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