Na sexta, pequenas emoções, todas diferentes e no entanto ligadas entre si, deixaram-me comovida. A primeira, decorreu de pura ficção. Vi o filme "The Flowers of War", online, no original e bilingue, portanto. Trata-de de um filme de Zhang Yimou, cineasta que sempre apreciei, desde os primeiros filmes feitos com a atriz Gong Li, e que via na RTP2. Vi-o e fiquei a conhecer um pouco mais da história mundial, pois tem como pano de fundo a invasão japonesa de Nanquim. Apesar de conhecer as atrocidades cometidas pelo Japão na China, através do filme e do livro "O Último Imperador", desconhecia a história das violações que este "As Flores da Guerra" nos faz, tristemente, entrever. Li, entretanto, que o filme não foi um sucesso no ocidente, apesar da presença do ator Christian Bale, um dos meus três favoritos da atualidade. Na China, o filme passou, obviamente, pela censura e foi visto por multidões. Nos comentários online do youtube, muitos americanos confessaram ver atenuados ou mesmo dissipados os ódios anti-comunistas face à China depois de verem esta história de horror, nobreza e sacrifício sem par.
A segunda emoção surgiu no seguimento das imagens documentais do Dia D, relativas ao desembarque nas praias da Normandia das tropas aliadas há 70 anos. Impossível ficar indiferente perante a coragem, o medo, o sacrifício dos homens que, por vontade própria ou não, perderam ou arriscaram vidas em nome da salvação de tantas outras. Como não me parece haver dúvidas sobre que lado representava o mal nesta guerra, ver a dor do bem não deixa de ser tocante. Emocionaram-me também os sobreviventes, que ainda vivem, e corajosos ainda, para que a história com h grande não se esqueça das suas histórias mais terríveis.
Por fim, a reportagem da noite sobre os trabalhadores da construção civil, um setor em crise profunda, que ocuparam um prédio em Vila Franca onde tinham trabalhado e que fizeram dele a sua casa. Homens, de diferentes idades, origens, unidos sob o mesmo desabrigado teto, em relatos de sofrimento e ao mesmo tempo ainda de esperança, a mostrarem as marcas no presente dos tempos difíceis e injustos que vivemos. Vítimas colaterais da política e da sociedade, a corda a rebentar sempre pelo lado mais fraco, o desejo de que alguém veja - tenha visto - a reportagem e faça alguma coisa por eles, os tire dali, lhes dê uma nova vida, ainda não desistiram, ainda a querem, ainda há tempo. Alguém que queira e sobretudo que possa, rapidamente, enquanto lhes resta a dignidade interior.
Três momentos, diferentes no tempo e no espaço, mas a dizerem-me, mais uma vez, que não gosto dos infortúnios humanos, da dor que significam. Sensibilidades de sempre, mais visíveis no rosto desde a maternidade. O que nos comove também é, ainda e sempre, o que nos move.
Não vi as imagens documentais, nem a reportagem. Vi o filme e gostei muito.
ResponderEliminarOlá, "redonda" :) Eu também, é tocante.
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