maio 07, 2014

O afeto comanda a vida

Este post foi escrito para o AE por Mafalda Branco, que tive o prazer de conhecer no início deste ano letivo, autora do blogue Do outro lado do espelho.


Não podia estar em melhor companhia para escrever sobre o que dá sentido aos meus dias e ao que faço profissionalmente. Sempre fui uma pessoa de afetos, desde que me lembro de ser gente. As minhas primeiras memórias são do colo da minha bisavó e da minha educadora de infância, que sempre me amaram e protegeram. Da última continuo ainda hoje amiga e os afetos acompanham a nossa relação. Quando nos encontramos, conta-me sempre as mesmas histórias e é curioso como também ela tem na memória a minha bisavó e o que ela, já na altura velhinha, fazia por mim. Fala-me do lençol castanho e do cestinho cor-de-rosa que eu levava todos os dias para a escolinha. Lembra-se como se fosse hoje. Também eu. Sorrimos, abraçamo-nos, reforçamos laços e eu a certeza que a importância da escola é imensa na nossa vida e na formação da nossa personalidade. A minha bisavó já faleceu há muitos anos, mas dela guardo esse amor tão bonito por mim e tudo o que fazia para que eu estivesse bem e feliz.

Depois fui crescendo. A minha adaptação à escola não foi fácil, disso também me lembro. E aqui, mais uma vez, as minhas professoras da escola primária marcaram a minha vida, com a sua ternura e o seu cuidado. A professora Zulmira e a professora Elisa, para além do tanto que me ensinaram, deram-me também elas colo e estavam sempre à minha espera com um sorriso. Podia continuar a enumerar todas as pessoas que passaram pela minha vida e que me ensinaram que o mais importante são os afetos, os laços que criamos e que nos permitem crescer e desenvolvermo-nos. E tenho a felicidade de serem tantas! Dessas pessoas fazem parte muitos professores, para além dos que aqui já referi. Talvez tenha sido por isso que hoje trabalho em educação e… com professores… De facto, é um privilégio poder trabalhar em educação, por muitas adversidades que tenhamos que enfrentar. E a base do meu trabalho está… nos afetos, precisamente! Dedico-me a sensibilizar e a inspirar as pessoas, neste caso os professores, para a importância de trabalhar a relação. E escrever hoje estas palavras fez-me pensar em como tudo se encaixa na nossa vida, desde que estejamos atentos e sigamos o nosso coração. Em pequenina o meu sonho era ser professora, depois passou para ser psicóloga e hoje sou psicóloga e trabalho com professores! Nada acontece por acaso e os afetos ajudam a construir o caminho. Neste mundo louco em que vivemos, este é talvez o maior desafio: centrarmos a nossa vida nas relações e dedicarmos-lhes todo o afeto que elas merecem e de que precisam para ser mais plenas. Acredito que o caminho para sermos mais felizes e vivermos em maior equilíbrio é este e é o que procuro transmitir em tudo o que faço. Como dizia Novalis, “tudo é semente”. Para além de semear, resta-nos acreditar e manter a esperança que essa semente dará fruto um dia…

3 comentários:

  1. Muito bom!
    Os afetos fazem toda a diferença no desenvolvimento pessoal e nas relações humanas e a falta deles também... Marla

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