Não podia estar em melhor companhia para escrever sobre o
que dá sentido aos meus dias e ao que faço profissionalmente. Sempre fui uma
pessoa de afetos, desde que me lembro de ser gente. As minhas primeiras
memórias são do colo da minha bisavó e da minha educadora de infância, que
sempre me amaram e protegeram. Da última continuo ainda hoje amiga e os afetos
acompanham a nossa relação. Quando nos encontramos, conta-me sempre as mesmas
histórias e é curioso como também ela tem na memória a minha bisavó e o que
ela, já na altura velhinha, fazia por mim. Fala-me do lençol castanho e do
cestinho cor-de-rosa que eu levava todos os dias para a escolinha. Lembra-se
como se fosse hoje. Também eu. Sorrimos, abraçamo-nos, reforçamos laços e eu a
certeza que a importância da escola é imensa na nossa vida e na formação da
nossa personalidade. A minha bisavó já faleceu há muitos anos, mas dela guardo
esse amor tão bonito por mim e tudo o que fazia para que eu estivesse bem e
feliz.
Depois fui crescendo. A minha adaptação à escola não foi
fácil, disso também me lembro. E aqui, mais uma vez, as minhas professoras da
escola primária marcaram a minha vida, com a sua ternura e o seu cuidado. A
professora Zulmira e a professora Elisa, para além do tanto que me ensinaram,
deram-me também elas colo e estavam sempre à minha espera com um sorriso. Podia
continuar a enumerar todas as pessoas que passaram pela minha vida e que me
ensinaram que o mais importante são os afetos, os laços que criamos e que nos
permitem crescer e desenvolvermo-nos. E tenho a felicidade de serem tantas! Dessas
pessoas fazem parte muitos professores, para além dos que aqui já referi.
Talvez tenha sido por isso que hoje trabalho em educação e… com professores… De
facto, é um privilégio poder trabalhar em educação, por muitas adversidades que
tenhamos que enfrentar. E a base do meu trabalho está… nos afetos,
precisamente! Dedico-me a sensibilizar e a inspirar as pessoas, neste caso os
professores, para a importância de trabalhar a relação. E escrever hoje estas palavras
fez-me pensar em como tudo se encaixa na nossa vida, desde que estejamos
atentos e sigamos o nosso coração. Em pequenina o meu sonho era ser professora,
depois passou para ser psicóloga e hoje sou psicóloga e trabalho com
professores! Nada acontece por acaso e os afetos ajudam a construir o caminho. Neste
mundo louco em que vivemos, este é talvez o maior desafio: centrarmos a nossa
vida nas relações e dedicarmos-lhes todo o afeto que elas merecem e de que
precisam para ser mais plenas. Acredito que o caminho para sermos mais felizes
e vivermos em maior equilíbrio é este e é o que procuro transmitir em tudo o
que faço. Como dizia Novalis, “tudo é semente”. Para além de semear, resta-nos
acreditar e manter a esperança que essa semente dará fruto um dia…
Boa partilha
ResponderEliminarBoa palavra :)
ResponderEliminarMuito bom!
ResponderEliminarOs afetos fazem toda a diferença no desenvolvimento pessoal e nas relações humanas e a falta deles também... Marla