Vencedora absoluta : abstenção. É um direito, claro, mas depois não se queixem. Já estou quase como o Miguel Sousa Tavares dizia hoje, ao comentar a mesma: quem não vota porque não quer, porque não acredita no sistema e na democracia, talvez devesse não beneficiar em nada dela... O que se pretende, afinal? É certo que o desencanto é muito, tal facto é por demais compreensível, mas a solução não (me) parece ser por aí.
Perdedor maior: Aliança de Portugal. Um valente cartão vermelho a quem nos governa, sem mais nem menos. Pudera, com o desânimo e revolta que por aí vemos e sentimos, e que nós próprios sentimos, seria de espantar que acontecesse o contrário. Haja coerência.
Vencedor maior: CDU. Pode beneficiar da abstenção, porque os seus militantes não falham, é verdade, mas não deixa de ser um reforço, que significa, certamente, alguma coisa. Ou muita.
Ganhador mas não para ser governo: Partido Socialista. Vitória em números mas ao mesmo tempo derrota em números, porque derrota na intenção de que nos governem. Está clara, assim parece, a falta de alternativa viável para as próximas legislativas.
Perdedor médio: Bloco de Esquerda. Médio a fugir para o grande. Este resultado já vem na sequência dos anteriores, e que foi agravado, a meu ver, como simples cidadã, com a liderança repartida que Francisco Louçã defendeu na saída. Volto a dizer aqui que ver a Catarina Martins a liderar é para mim uma aflição, não tendo perfil absolutamente nenhum para ocupar tal lugar. Ela e João Semedo serão com certeza pessoas de boas intenções mas não chega, claramente. (Com todo o respeito que o seu pai também me merece, trabalhei com ele na José Estêvão há uns bons anos, quando ele era presidente do conselho executivo na altura.)
Vencedor assim assim e a quem não reconheço muito mais do que um discurso fácil ainda que corajoso: Marinho Pinto, ao serviço de qual partido mesmo? Não me identifico com o estilo, mas ainda assim acho uma certa graça ir para Bruxelas e ser politicamente incorreto, a ver vamos no que a irreverência dará.
Para concluir, destaco dois aspetos que liguei entre si. As más lideranças podem ser feitas feitas de más intenções mas também de boas, é um facto. Ou seja, não são suficientes as pessoas boas, é preciso ser-se competente. E isto serve para a política e para tudo. Muitas vezes temos pessoas muito queridas e apreciadas pela sua bondade mas falta-lhes profissionalismo, visão e inspiração. Ora isto, a ausência de inspiração nas figuras políticas, leva-nos ao descrédito cada vez maior em relação à classe, agravada depois pelas más práticas, corrupção e mais do mesmo ou parecido. Desta forma, sem figuras que nos inspirem e nos levem a acreditar que é possível, aliando humanismo e pragmatismo, honestidade e competência, haverá menos e menos gente com vontade de se deslocar às urnas. E volta-se ao princípio e não saímos daqui. A coisa, resumindo, está feia.
Da galinha (falhada) de Fernando Nobre para o Marinho e pinto-galo, vamos passar do cacarejar para o cocoricar, Aguardemos como reage a capoeira.
ResponderEliminarAguardemos. Não sei se feliz ou infelizmente. :)
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