agosto 20, 2012

Let it roll



Francisco Louçã anuncia a sua saída da direção do Bloco de Esquerda e deixa dois nomes como sugestão. Independentemente da minha posição política, o que quero aqui dizer é que não aprecio quem sai e dá dicas de como as coisas se devem organizar ou manter. Quem sai (de qualquer cargo ou responsabilidade) não deve, a menos que lhe tenha sido pedido, dar indicações de como o rumo dos acontecimentos deve prosseguir. Quem sai deve sair com a satisfação do dever cumprido e deve mostrar desapego relativamente ao lugar e ao que ele implica. De outra forma, revela uma possessividade que não devia sentir, uma certa noção de que a sua visão é a primordial e mesmo insubstituível. Ao invés, a atitude certa é a de deixar totalmente livre o caminho para os que se seguirão.  Porque o verdadeiro sábio confia e os que o não são desconfiam. Sem nada em contrário, deve ter-se suficiente otimismo e confiança no julgamento dos outros. Um indivíduo que sai deve sair livre, satisfeito (a não ser que se tenha sido despedido ou derrotado) e não apreensivo com o futuro sem ele. Pois é essa a impressão que fica. A de que tem de assegurar uma espécie de continuidade, e que quem vem tem de ter a sua concordância ou aval. Para mim o Bloco tem, teria, de significar liberdade. E isso significa o oposto da obsessão e do controlo. E penso assim sobre esta situação em particular e sobre todas as outras. É isso.

6 comentários:

  1. Fátima.
    Aceito a sua opinião mas não a subscrevo. Francisco Louçã deu mostras ao longo dos muitos anos de combate político, que não é sectário, nem impositivo e aceita interna e externamente a divergência de opiniões. Creio que a existência do BE se deve principalmente a ele e a Miguel Portas, ainda que também à particiação de outros.
    Esta perspectiva 'bicéfala' para o futuro do partido, parece-me extremamente interessante e para já pode, pela primeira vez, levar uma mulher a um lugar de liderança partidária.

    Abraço

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  2. Sempre à vontade para discordar, jrd! :) Também calculo que se possa achar a minha opinião como algo político mas não. A abordagem é do ponto de vista socio-psicológico, ideologias à parte. E de um ponto de vista pessoal, não aprecio este tipo de abordagem, realmente não. :) Porque acho sempre que influencia, condiciona e não deixa espaço de manobra. Interessante, sim, poder haver uma mulher como líder mas não era preciso (um) nome. Por tudo aquilo que expliquei.:)

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  3. Não podia estar mais de acordo consigo! Parece-me uma posição do estilo "depois de mim o Dilúvio, exceto se eu deixar a Arca organizada"...

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  4. Olá Teresa, obrigada pela visita:) Sim, é o que penso, é um estilo de que não gosto. Venha de quem vier. Sou muito independente; para além disso, posso gostar de uma pessoa e criticar-lhe uma opção. Uma coisa não invalida a outra...

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  5. O Xiquinho só queria deixar umas dicas à filha do Arsélio. :) Ela poderá também ser independente e fazer o que lhe der na real gana, mas ele achou por bem partilhar os seus conselhos, just in case... Marla

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