É a cultura sinónimo de abertura? Afigura-se-me que não.
Amiúde se poderá observar que ser-se culto, mesmo cultíssimo, não é necessariamente sinónimo de ser-se aberto ou adaptável. E, todavia, é a capacidade de adaptação uma das grandes virtudes do nosso tempo.
Há por aí e além inúmeros indivíduos possuidores de grande cultura - por formação, por educação, por interesse, por investimento. Mas mostram-se, também, frequentemente intransigentes nas suas ideias, pouco tolerantes perante o que escapa à sua seletiva escolha. Mostrar-se herméticos e guardadores intocáveis das suas preferências e paixões é, de resto, parte da sua curiosa persona. E, assim, excluem outras formas de pensamento do seu aval, menosprezando-as e rotulando-as, não raras vezes.
A fidelidade à nossa identidade, pessoal e cultural, é positiva, naturalmente. Também penso que é necessário e saudável que se selecione. A multiplicidade e quantidade baralham, confundem, atrapalham, na sua generalidade. Mas, contudo, também podem enriquecer. A diversidade acabará por ser, quase sempre, profundamente enriquecedora. E o que é fundamental aqui é que a abertura possibilita uma permeabilidade sensível ao outro, e quão fundamental é conseguir estar na pele do outro, ainda que por breves instantes. Ver as coisas sob uma perspetiva que nós não possuíamos, que nós teimávamos em não reconhecer.
A fidelidade à nossa identidade, pessoal e cultural, é positiva, naturalmente. Também penso que é necessário e saudável que se selecione. A multiplicidade e quantidade baralham, confundem, atrapalham, na sua generalidade. Mas, contudo, também podem enriquecer. A diversidade acabará por ser, quase sempre, profundamente enriquecedora. E o que é fundamental aqui é que a abertura possibilita uma permeabilidade sensível ao outro, e quão fundamental é conseguir estar na pele do outro, ainda que por breves instantes. Ver as coisas sob uma perspetiva que nós não possuíamos, que nós teimávamos em não reconhecer.
Vai daí que caraterísticas como a adaptabilidade e a tolerância sejam cruciais para a construção de algo novo ou para a reconversão de algo mais datado na linha do tempo. Se os afetos reclamam escolhas em exclusivo, o universo da ideias alimenta-se dos muitos outros. Só através deles poderemos reforçar as nossas aprendizagens. E só assim nos renovaremos e sobreviveremos às mudanças trazidas pela cadência da evolução humana.
A cultura pode e deve servir essa evolução. E o culto, mais do que os outros, não deve senão estar na linha da frente.
Muito bem dito. Está aí um dos principais problemas que o Homem enfrenta à medida que envelhece...Pernas tão suas para distâncias tão outras... :)
ResponderEliminarjoao de miranda m.
Muito bem dito...por ti. :)
ResponderEliminarMas é isso: não chega os conhecimentos e a sabedoria - há que ter a dimensão humanista e ter a mente aberta à evolução. Esse que reune isso tudo, sim, é o verdadeiro culto.
Não podia concordar mais! Cultura muitos têm, mas abertura de espírito e tolerância parece-me ser apanágio de poucos. Num mundo cada vez mais vincado pela globalização e pela aproximação "geográfica" de pessoas e culturas, é essencial que as pessoas se aproximem em todas "as dimensões" da palavra. Marla
ResponderEliminarBelo comentário, Marla. Sabes, acho este texto uma reflexão fundamental sobre o que é a cultura elitista, hermética, sisuda e pouco humanista. A que não interessa...
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