abril 21, 2013

With or without you


Gosto desta música, desde que ela existe. Mas não é apenas, para mim, uma boa canção pop/rock. A letra parece-me não ser assim tão linear, não tão apenas romântica. Na verdade, acho que pode ser profundamente existencial, mesmo se falar exclusivamente do amor.  Ou por isso mesmo.
Li há muito tempo que Liz Taylor e Richard Burton diziam que não podiam viver separados mas que também não conseguiam viver juntos. Dois casamentos e dois divórcios significam alguma coisa, não é verdade? Pois é um bocadinho deste tema que reveste muitas relações, amorosas ou outras. Talvez seja mais lógico falar das primeiras porque há depois, ou haverá quase sempre, uma divisão do espaço e uma partilha do tempo que se destaca das outras, e um projeto comum que as faz suster de especial forma ou não.
O que significa "não consigo viver contigo ou (nem) sem ti"? No caso das ditas estrelas cinematográficas, parece que era por serem extremamente parecidas. A sua combinação astral pareceria perfeita (ela, peixes com ascendente em sagitário e ele, escorpião com ascendente em carneiro), encaixando perfeitamente os elementos água, emoções e sensibilidade com os do fogo, ação e impulsividade. Atração máxima, entendimento máximo. Mas da mesma forma argumentos iguais, capacidade de luta igual, filmes interiores iguais, reacções iguais. Tudo misturado numa torrente emotiva considerável. Quando bem, é o melhor, o êxtase máximo, quando mal, o inferno.
As pessoas demasiado parecidas ou até iguais conhecem-se reconhecem-se rapidamente. Envolvem-se com frequência facilmente, descobrem o estado de paixão absoluta, tendem a racionalizar muito pouco, enquanto dura esse deslumbramento mútuo. O amor raramente é razão, sabemos. Ou quase nunca. Com os momentos fulgurantes iniciais da paixão a esbaterem-se por via natural, há que possuir um projeto de vida comum. Se este não existe, não se resiste. Mas embora ele possa existir, também nada nos garante que consigamos viver com o nosso amor. Ou ele connosco. Sobretudo se as emoções estiverem sempre um patamar acima da razão. Continuamente. 
Para o dia a dia funcionar, com as chatices e rotinas próprias, há uma parte emocional que deve ser desligada da ficha. Brilho, adrenalina, ardor, e outros, a tempo inteiro desgastam a existência. E o mesmo serve para a irascibilidade, a impaciência, a hiper emotividade. Eu diria que até são caraterísticas faiscantes, que acendem um relacionamento mas que também o podem aniquilar. Se não a nível do sentimento, a nível da coexistência. Viver no limbo das emoções e da reações, ainda por cima de forma igual, pode mesmo dar cabo de um amor que podia ter tudo. Ou que tendo, ou tendo tido, nunca desceu à tranquilidade de dias menos feitos de paixões.

6 comentários:

  1. Antes "juntos-separados" do que "separados-juntos"
    :)

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    1. Não é o contrário, jrd? Baralhada, eu, agora :)

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  2. Fátima, andas inspirada. :) Será o amor possível de ser eterno, e a paixão, aquela coisa que surge no inicio,e pontualmente, de quando em vez, mas que depois sossega para que o resto cresça? Pois, se calhar sim...

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    1. Hehehe, Carla, já me fizeste sorrir e rir, que bom :) Achas, amiga? LOL
      E sim, vou por aí, intensidade a mais pode dar cabo de tudo... em sintonia, como sempre. :) Bjsssss

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