abril 19, 2013

N/Forma

                                     
A malta nova e a menos nova associa geralmente o tabaco, os copos, os saltos agulha e mais umas tantas coisas do dia e da noite a formas de transgressão. Esta vista como ousadia, desafio, modernidade, divertimento, carpe diem/noctem. Vista de forma simples, sem entrar em grandes desvios comportamentais ou outros. Na esfera social apenas, na verdade, não vou mais além. E portanto, dizia lá em cima,  a malta nova e a menos nova catalogam os outros que não o fazem como totós, pacóvios tristonhos que não se sabem divertir ou direitinhos que nunca pisam o risco. Ora acontece que quem não fuma ou até nunca fumou,  quem não bebe, por opção ou proibição devido a problemas de saúde, e quem não tem tempo ou atrevimento para mais umas coisas arrojadas ou uns looks a condizer pode ser, espante-se, ainda assim, extremamente ousado e até transgressor.  É que me saltam à mente inúmeras situações, inúmeras, em que uma certa ousadia e atrevimento vinham mesmo a calhar e nada. Quer dizer, nada dos que habitualmente pisam ou pisaram o risco da forma que sabem e podem. Porque podem aparecer outros que, da forma que podem e sabem, o façam quando mais  ninguém o faz. Do tipo o certinho aparente partir a loiça toda socorrendo-se de coisas que outros não possuem. E não falo de cigarros, super bocks ou tops que deixam ver muito. Ou estilos punk ou rastafarian e mil uma outra coisas que saltam à vista.  (Nada contra uns e outros,  estamos no campo da observação do que está em redor, pura e dura.) Assim tipo, e perdoe-me quem não gosta desta linguagem, existirem ferramentas que não se veem, que não são físicas. Rebeldia sem idade, inclusivamente. Transgressão do que para os que não bebem, por exemplo, é chato, direitinho e sem graça. Das normas, pois. Realmente há cada uma. Tantos exemplos que saltam à mente agora, hoje e sempre. Quem haveria de dizer que os compostinhos e certos podem ser ousados e que os atrevidos e divertidos podem ser uns quadrados? São as formas, senhores, são as formas. A cada um a sua. E, se não pensaram nisso antes, deixem-me que lhes e vos diga que sim, também na transgressão.

6 comentários:

  1. O atrevimento pode ser uma coisa boa, depende. O espalhafatoso, e chamemos-lhe assim, nem sempre é sinal claro disso mesmo. De atrevimento. Melhor dizendo, nem sempre o atrevimento explicito, pronto e descarado, implica a ousadia sadia. Enfim, coisas... :)

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    1. Decididamente,Carla. Há muitas maneiras de ousar, pisar o risco. A irreverência - e a transgressão - não tem o mesmo padrão, ai não tem, não. :)

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  2. Muito bem dito.
    joao de miranda m.

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    1. Isto vem a propósito de muitos se acharem ousados em determinadas circunstâncias e não o serem de todo em muitas outras.) Podia dar exemplos, mas não vou por aí, eram tantos... :)
      Bjs, João.

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  3. É, a ousadia e a irreverência assumem várias formas e as pessoas têm diferentes perspetivas, claro!
    Há dias, um aluno meu postou no FB: "Não fumo, não bebo e não tomo drogas. Não sou assim tão cool!" Adorei! Achei de uma maturidade incrível o facto de ele entender (e partilhar) que essas opções não têm nada de cool e de irreverente. Marla

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    1. Sem dúvida, aliás, é isso mesmo, não é preciso beber nem fumar muito menos o resto para ser "cool" ou transgredir. Pode pisar-se o risco de outras formas :)

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