julho 06, 2012

Uns não podem ser mais iguais do que outros


Coloring page Cut

A inconstitucionalidade dos subsídios serem apenas retirados aos funcionários públicos parece-me acertada e justa. De igual modo o facto dos privados poderem vir a usufruir da mesma medida. Não é que eu queira ver mais gente a viver mal ou meramente menos bem mas a verdade é que nunca compreendi porque há de ser o funcionário público a pagar a crise sozinho. Que eu saiba a gasolina está cara para todos, os preços dos serviços essenciais aumentam para todos, impostos são taxados a todos, o iva aumentou para 23% e todos pagam esse aumento. Tento, por várias razões, não imiscuir-me em assuntos atuais e que tenham a ver com a crise, mas desta vez deixo aqui a minha opinião. Poderá não agradar ao setor privado mas o corte dos meus subsídios também não me agradou a mim. E o facto da minha carreira estar congelada há anos e com ela não ver um aumento de ordenado também há anos, muito pelo contrário, também não. Todos somos portugueses, os sacrifícios são dos diabos, reconhecendo que há situações limite de quem já não pode esticar mais a corda, mas a igualdade tem de prevalecer neste tipo de coisas - e bom seria que em tudo ela fosse respeitada. 
Inconstitucional e injusto, foi assim o corte no orçamento da função pública. Trabalhadores incansáveis e incompetentes que nada produzem há nos dois setores. Não à austeridade e aos grandes transtornos familiares, sociais e económicos que ela causa,  mas outro não à desigualdade de direitos e deveres.

11 comentários:

  1. Fátima, desculpe-me a frontalidade, mas gostaria de ver os funcionários públicos, em favor dessa igualdade, abdicarem de um sistema como a ADSE, um exclusivo deles.

    ResponderEliminar
  2. Não tem nada que pedir desculpa, Carlos, é um prazer recebê-lo sempre, como sabe!:) Calculei que o post fosse dividir opiniões. Quanto à ADSE repare na minha frase - bom seria que em tudo ela (igualdade) fosse respeitada. Percebo o que diz, claro, e parece-me que fala com justa causa também. :)

    ResponderEliminar
  3. Obrigado pelas suas palavras! :-)

    Eu apenas acho que o Governo está a recorrer a uma tática antiquíssima: dividir para reinar. Espero que lhe saia o tiro pela cúlatra (penso que é assim que se diz).

    Bom fim-de-semana!

    ResponderEliminar
  4. Também acho que o que se está a fazer é dividir para reinar! Funciona sempre, infelizmente... :(

    ResponderEliminar
  5. Sim, o ideal era não haver cortes absolutamente nenhuns, disso não há dúvida. Vai ser muito difícil para muita gente, paralisa os negócios, é uma bola de neve...

    ResponderEliminar
  6. Carlos Azevedo
    A ADSE tem os dias contados. Só não percebi por que ainda não morreu.

    Faty
    Bom texto. Eventualmente polémico, como convem. É, por vezes, é necessário sair da literatura mais ou menos parnasiana (que é a que eu costumo fazer) e enfrentar problemáticas actuais, para dar consistência à blogosfera.
    A razão de serem apenas os trabalhadores do estado a pagar a crise prende-se com duas ordens de razões 1 O emagrecimento do estado 2 o facto de estes resistirem mais tempo ao desemprego. os trabalhadores do estado são minoritários, quase não fazem falta ao desenvolvimento económico, não contribuem para coisa nenhuma, muito menos para o equilíbrio da balança de pagamentos. Já o proletariado dos sectores primário e secundário, no regime privado, são dinamizadores da economia e, alem disso, trazem em si uma bomba adormecida (a génese de todas as revoluções))
    Mas, é claro que concordo contigo em tudo e sei que seria possível resolver este diferendo publico/privado a contento de todos, se houvesse um pouco de sabedoria na governança nacional.
    Gostei de te ler nesta nova faceta.
    joao de miranda m.

    ResponderEliminar
  7. Uma adenda: Sou visceralmente contra os subsídios de férias e de Natal, do modo como têm sido entendidos. Se alguém não entendeu, eu posso explicar. ;)
    joao de miranda m.

    ResponderEliminar
  8. Concordo, Fátima. Também não gosto muito de andar a atirar politiquices para o ar, mas tenho andado etupida com tanta inconstitucionalidade e agora estou a rebentar. É que eu sou uma funcionária pública injustiçada a dobrar: além desta última inconstitucionalidade, ando a sofrer uma outra bem dura; a famosa ultrapassagem de escalões que me nega, mais uma vez, o princípio da igualdade de uma constituição que só é para cumprir para alguns...Eu sou uma daquelas professoras que foi penalizada por ter tempo de serviço a mais. Como é que isto é possível? Onde está a igualdade? Quanto ao ano que aí vem... deve ser para nos porem loucos. A não ser que deixemos as pastas na escola ao fim do dia... Fernanda Pires

    ResponderEliminar
  9. Concordo. Prezo muito a igualdade e as injustiças revoltam-me tremendamente!
    Aproveito para dizer que são poucos os benefícios que encontro na ADSE (pelo menos em Portugal). Agora que o subsídio de férias já me está a fazer falta, ai isso está! Perante a sua supressão, defendo a introdução do pagamento semanal como no mundo anglo-saxónico, assim auferíamos um salário justo nos meses com 5 semanas. Marla

    ResponderEliminar
  10. De acordo Fátima.
    Mas eu diria de outra forma: Uns não podem ser mais desiguais do que outros.
    :)

    ResponderEliminar
  11. Obrigada, João.
    Pois, Fernanda estamos no epicentro...
    Marla, faz falta e muito.
    jrd, bem visto!:)

    ResponderEliminar