Acabei de chegar da vigília pela educação, na cidade de Aveiro. Fui desmobilizada pelo quase total falhanço da iniciativa, pelo menos nesta praça. Estava pouquíssima gente, um grupo de gatos pingados, ali ao frio (as noites a norte são do pior), sem palavras de ordem, nenhuma organização e pouco/a (à) vontade. Estava esperançada que a praça enchesse, que fosse um momento de união, espalhado a outras cidades. Organizada através do Facebook, foram milhares de professores "convidados". Postos perante políticas que ameaçam quer as suas práticas quer os seus rendimentos quer a aprendizagem efetiva dos alunos, esperava mais. Somos mesmo pacíficos, somos mesmo lentos a reagir, somos mesmo tímidos na forma como queremos reivindicar os nossos direitos. Não vi nenhum professor contratado conhecido - minto, vi uma colega, de perna partida a convalescer, que trabalha há 12 anos e que não sabe se em setembro terá trabalho. Mas são mais, muitos mais. Que não vi. E não precisaríamos de nos ver confrontados com este receio, tanta coisa haveria e há a protestar. Se participar numa manifestação em Lisboa acarreta alguns esforços que nem sempre podemos comportar, e o mesmo se dirá da greve, desta vez bastava uma simples presença local para mostrar o nosso descontentamento. Ou o de quem está pior na escala da empregabilidade. A praça morria de tédio enquanto pequenos grupos conversavam sobre tudo e nada. A minha vontade de ali permanecer morria à medida que os números não se alteravam. Porque não basta a vontade, é preciso gente. Só os números e a massa humana podem fazer movimentar decisões. Donde nos vem esta passividade? Este deixa correr que não vale a pena envolver-me? Um come e cala que difere tanto de posições vistas em países por essa Europa fora? Uma noite que não chegou a ser. Um posicionamento que não vingou, para o mal que isso representa. Desunião, comodismo, apatia, cansaço. Desmobilizador.
é exatamente como dizes. a depressao nao nos deixa levantar a voz nem o rabo do sofá.
ResponderEliminartexto muito oportuno.
joao de miranda m.
joao de miranda m.
É verdade, João, depressão é a palavra... excelente comentário.
ResponderEliminarA apagada e vil tristeza do país cabisbaixo.
ResponderEliminar:(
A depressão é um estado em que não há esperança.
ResponderEliminarÉ isso tudo, jrd...
ResponderEliminarPéssimo, Regina, um estado péssimo.
A depressão também se combate. E combate-se com acções, com esforço, com envolvimento, com solidariedade.
ResponderEliminarSAgi
Os portugueses reclamam muitos dos seus deveres mas LUTAM POUCO pelos seus direitos! É uma espécie de bipolaridade mal resolvida... Henrique Melo
ResponderEliminarÉ verdade, Sara, é verdade.
ResponderEliminarAssim vamos, Henrique... mal.