julho 13, 2012

O que estamos



Uma conhecida holandesa fez-me confrontar com verdades tristes. Acidentalmente, claro. 
1- Ela está hospedada num hotel com os seus 6 filhos, perto da minha casa. Quer ir para a praia e não quer pegar no carro. Decidiu ir de autocarro e perguntou no hotel onde apanhá-lo, horário e afins. Ninguém na receção do hotel a soube elucidar. Entretanto procurei essa informação. Na paragem do autocarro não existe nenhum horário afixado, nenhum. Noutros tempos existiram e bem. Como podem as pessoas ver o horário desta maneira? Estrangeiros ou não, é inadmissível que não se tenha esse tipo de informação facilmente. Dirigi-me ao posto de turismo para saber o pretendido, eram 17.52h, instalações recentes, estava fechado, tudo fechado, sem indicação de horário nem nada parecido. Tive de esperar na paragem de autocarro até vir um e perguntar ao chauffer. Pedi-lhe um horário, disse que não tinha. Horário de autocarro e tempos modernos em Portugal parecem, portanto, não combinar. E assim se prestam maus serviços e se dá uma imagem algo caótica de um país que é lento a satisfazer as necessidades dos cidadãos, turistas ou não.
2- Perguntou-me depois, enquanto tomávamos chá no átrio do hotel, se nas escolas portuguesas (sabendo que sou professora) os alunos tinham manifestações de formalidade como cumprimentarem os professores à entrada da sala de aula. Cumprimento formal, "strict" foi mesmo a palavra que empregou. Sorri. Não existe formalidade alguma nas escolas portuguesas. Não que a informalidade não seja uma coisa boa, mas cumprimentos formais é algo desconhecido. Aliás, cumprimento é algo que não existe, muitas vezes. Se há alunos educadíssimos e afáveis, porque os há e tenho-os, outros há que nem bom dia dizem quando entram para uma aula. Nem boa tarde, nem olá, nem adeus, até amanhã nem sequer boas férias. Há alunos que se caraterizam por uma grande frieza e má-educação, não demonstrando qualquer afeto ou regras de boas maneiras perante o professor. A sorte é ter dos bons porque se temos dos maus, e já tive, pouca proteção e ajuda temos na arena. 
Estes exemplos mostram que a prestação de serviços e a educação, em vários significados, precisam de reforços consideráveis neste país. E essencialmente por causa de quem cá assim vive.

4 comentários:

  1. Parte do que refere no ponto dois, vai assegurar a continuidade do que relatou no ponto um.
    É tudo "o que estamos" (salvo seja) a preparar.
    bfs
    :)

    ResponderEliminar
  2. Muito interessante este post! Não me é estranho o caos que rege o nosso país no que concerne os transportes públicos e que coloca grandes entraves aos turistas estrangeiros e a uma nação que se quer modernizar e impulsionar a sua indústria turística. Há uns anos como sabes, tive uma visita da Suíça; fui aliás guia turística dessa amiga em diversas cidades e em Lisboa também me deparei com a total falta de informação sobre os horários dos elétricos, inexistência de horários em formato papel etc. Quando confrontei um funcionário da empresa num quiosque com este problema, fui "naturalmente" maltratada... A minha crítica queria-se construtiva, porém as críticas nunca são bem aceites por pessoas de mentalidade tacanha... Tudo isto me leva ao ponto 2: falta de educação e civismo que reina em Portugal, que precisa e muito de ser reforçada. Marla

    ResponderEliminar
  3. Cada vez mais "grunhos"! Lília

    ResponderEliminar
  4. Temos muito quer andar... Precisamos de uma revisão urgente de tanta coisa...

    ResponderEliminar