fevereiro 15, 2013

Oiçam


Às vezes é uma luta para nos deixarem falar, não é? Porque algumas vozes são mais poderosas, porque alguns são mais enérgicos, porque outros se chegam sempre muito à frente, porque alguns gostam mesmo é de se ouvir, porque outros nos subestimam, porque não queremos atropelar ninguém e assim somos nós frequentemente atropelados. Há pessoas assim, que atropelam, e outras que são atiradas ao chão. Que preferem, desta forma, a palavra escrita porque a verbal lhes falha, porque outros fazem com que ela falhe e não nos apetece propriamente gritar ou fazer como os demais. Mas não é sempre assim, claro. Se fosse, o significado não seria o melhor. Mas às vezes é, e porque não nos apetece. Não nos apetece fugir do nosso registo mais sereno ou mais low profile ou mais simples. O mundo não está para os simples. Podemos por-nos em bicos de pés e fazer-mo-nos ouvir. Podemos e fazê-mo-lo. Quando é imperioso que o façamos. Mas também podemos ignorar, quando afinal nada do que se ouve verdadeiramente importa. Deixai-os. Deixai-os falar e bradar. Deixai-os pensar que levam a avante. Permanecemos nós mesmos. Mesmo se alguém não nos ouve. Não ouve e não importa. Porque se importasse, ouvia.

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