E não é de cinema que se trata. Ainda que atrasada relativamente à atualização destas notícias, aqui fica uma breve impressão de algo que me fez impressão.
1.A história da partida dos locutores australianos que se fizeram passar pela soberana inglesa e pelo seu descendente não tem classificação possível. Não só porque os seus danos colaterais foram, previsivel ou imprevisivelmente, trágicos mas também porque o que reside nesta questão toda é a intromissão em questões do foro privado que nem o humor justifica. Que nada justifica. De nada serve, também, o argumento que as pessoas em causa são famosas e que aparecem nas revistas e que espicaçam a curiosidade popular. Há momentos em que os holofotes têm de apagar-se, ainda por cima se a pedido, de forma voluntária e consciente, fazendo uso do direito à mais total privacidade num sem número de aspetos. Como lamento a morte da enfermeira, como lamento um episódio destes numa gravidez que sempre sensibiliza mais a mulher (quem discordar esteja à vontade, cada um com as suas sensibilidades), como lamento a falta de discernimento e de bom senso de quem julga tudo poder fazer em nome das audiências, seja lá onde for.
2.A exibição do episódio da chiclete de Ronaldo na boca e depois no bolso antes de cumprimentar a raínha de Espanha e receber o prémio que lhe foi atribuído, o de melhor desportista ibero-americano, deixou-me, já agora, boquiaberta. A TVI exibe a notícia no seu jornal da noite, lá para o fim, é verdade mas exibe, até porque entretanto a cena já corria mundo. Qual o interesse em alguém apanhar, primeiro, e exibir, depois, imagens deste tipo? Qual o objetivo de mostrar algo sem relevância absolutamente nenhuma, captando um momento caricato e menos feliz de alguém famoso, é certo, mas em circunstâncias em que qualquer um de nós poderia cometer um deslize, uma gaffe? Porque se está sob a alçada das câmaras televisivas, tudo o que fazemos, mesmo e sobretudo inadvertidamente, tem de passar cá para fora? Que tal pedir autorização para que imagens menos felizes possam ser tornadas públicas? Porque se é figura pública tem-se de pagar um preço sempre, sempre mais alto? Que prazer é este de desconstruir e denegrir, muitas vezes, a imagem de quem alcançou, legitimamente, as luzes da ribalta? Lamentável...
Como diz um conhecido intelectual do "futebolês" a primeira nota "é uma faca de dois legumes", basta lembrarmos a célebre "Guerra dos Mundos de Orson Welles.
ResponderEliminarJá quanto à segunda nota, apenas me ocorre dizer que, se fosse antes de cumprimentar o Cavaco, até podia continuar a mascar. Estavam bem um para o outro...
:)...
:)
EliminarAgora a sério: Não concebo intromissões não consentidas. Porque não é ético nem tem interesse nenhum. Ou as duas coisas.
Em relação ao caso da enfermeira, tive oportunidade de comentar num outro blog (Delito de Opinião) há 2 dias e a minha opinião é um pouco diferente da sua. Acho que sendo mãe de dois filhos, nada justifica que se abandone os filhos desta forma voluntária, e quando tem a agravante de ser um "abandono" definitivo. Entretanto coloco um grande ponto de interrogação quanto ao facto de a notícia "sair" como sendo um suicídio. Quanto aos radialistas acho francamente que pensaram que a pessoa lhes desligasse o telefone na cara ou algo semelhante. Não desculpabiliza o acto, mas alguém que aos 46 anos, não se apercebeu ainda que a vida tende a rir-se de nós quando menos esperamos, e que não podemos sentir-nos magoados a um ponto de dramatizar a situação desta forma. Até temos esse direito, agora, desistir de viver por causa de terceiros e por causa de uma brincadeira infeliz, não me parece coisa de pessoa que sabe "separar águas". E a nossa sanidade mental passa também por saber "separar águas".
ResponderEliminarQuanto ao segundo ponto, também vi a notícia, notícia esta, adequada para um qualquer programa de entretenimento. Também temos de ter algum poder de encaixe, e algum sentido de humor. Não me parece que a intenção tenha sido denegrir a imagem do CR, apenas quiseram "brincar" com a situação. E também não me parece que o CR tenha cometido um qualquer deslize, acho que na situação e muito discretamente todos nós teríamos feito a mesma coisa (eu pelo menos teria colocado a pastilha dentro dum lenço de papel e só depois no bolso, mas, confesso que não me passaria ir a um evento destes a mascar pastilhas). Agora num telejornal e em horário nobre é completamente descabido. Nisso estou de acordo:)
Lamentável, mesmo! A primeira notícia chocou-me imenso. Apesar de considerar a "brincadeira" sem piada nenhuma, também me parece que não fosse razão para por termo à própria vida. A segunda, claramente uma não notícia, desconhecia. Como já afirmei antes, acredito que há limites e desaprovo os frequentes abusos da comunicação social. Marla
ResponderEliminarCaras comentadoras e leitoras, atentas e amigas: a minha análise (breve, de resto) não incidiu sobre o alegado suicídio da enfermeira. Mas nunca ninguém me apanhará a condenar um suicídio. Trata-se de algo lamentável e não sei se há razões para este ou outros ou não. São um facto, e sobre isso já escrevi um post chamado Ato final.
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