Lá vem a época que adoro e detesto em simultâneo. Gosto dos pinheiros de natal, da consoada aconchegante e doce, das luzinhas a piscarem nas janelas, do prazer de comprar para os outros, da magia da decoração natalícia que com uma criança em casa se volta a sentir. Mas não suporto a azáfama até lá, as compras no meio das enchentes, as filas de trânsito, as escolhas apressadas dos presentes mais exigentes por falta de tempo antes, a histeria coletiva que atravessa os centros comerciais, um consumismo que nos vai sugando perante as muitas coisinhas bonitinhas que aparecem sempre nesta altura. Depois, há outra coisa. Não penso que vá ser um natal fácil. É uma época já terrível para muitos, por razões afetivas, nomeadamente, mas também porque muitos não chegam ou não chegarão à fartura que lhe fomos associando nos últimos tempos. Vai ser muito difícil para muitos, mesmo muito. E este marketing das sociedades de consumo só cria insatisfação e desejos que não se podem concretizar. É uma época para ser mágica mas não há magia sem condições socioeconómicas que o permitam. A simplicidade de outros tempos enchia-nos a alma mas a complexidade em que se tornou tudo isto - os presentes e a consoada que que pretendem fartos - já não deixa que o simples volte sem alguma espécie de dor. Sobretudo para aqueles que nem ao simples conseguem chegar. O natal é uma época muito bonita mas pode ser uma época muito triste, também. Difícil. Todos os anos, é certo, mas cada vez mais para um maior número de pessoas.
Até o fascínio da quadra, mesmo para quem não sente o espírito natalício, esta gente que nos desgoverna conseguiu tirar-nos.
ResponderEliminarAbraço
Avizinha-se um natal pouco feliz... para muitos mais.
EliminarDispensaria o stress e o consumismo da época natalícia, mas gosto bastante da quadra por todas essas razões que indicaste. É um facto que o natal vai ter menos sabor para muitas famílias portuguesas que estão numa situação económica complicada. São cada vez mais os desempregados, os que recebem menos, os que deixam de receber ajudas/ subsídios... e sobretudo as crianças com pouco na mesa e sem uma prendinha decente no sapatinho. Não tem de ser uma festividade necessariamente consumista ou de grande fartura, mas este (des)governo está a tirar o pouco de dignidade que resta aos portugueses... Marla
ResponderEliminarNão tem de ser (consumista) mas é - tornou-se. E não se volta atrás sem alguma dor. Sobretudo se não for um ato voluntário.
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