Temos muita dificuldade em admitir o sofrimento. Porque há quem nos faça sentir, provavelmente, que fazê-lo revela fraqueza e debilidade de caráter. Então quando algo nos dói instigam-nos a fugir a essa dor, rapidamente e através de variadas formas. Esta exigência de não sofrer - como se o sofrimento significasse, então, fragilidade - é cruel e foge completamente à verdade. A dor não é uma boa sensação, não é, e o ideal de muitos de nós é não senti-la mas a verdade é que ninguém lhe está imune. E ninguém pode ser julgado ou inferiorizado por senti-la. Ou deixar que, de forma transparente, o vejam senti-la. Ninguém deve interferir - até certo ponto, claro - com o exorcismo da dor.
Também ninguém nos pode exigir que nos irritemos com as coisas que não nos irritam. O que irrita e faz sofrer um pode passar completamente ao lado de um outro. E vice-versa. A cada um as suas irritações, já aqui o escrevi anteriormente. De igual forma, ninguém pode exibir superioridade moral em considerar a sua irritação maior do que a do outro. Cada um escolhe a sua cruzada e sofre com aquilo que para si é essencial. A noção do essencial diverge de pessoa para pessoa e não se pode impor ao outro que algo que não lhe faz diferença faça. Ou o contrário. Há movimentos coletivos que são precisos, certo, mas em várias frentes e de várias maneiras. Não podemos todos atuar de igual forma em todas as circunstâncias se temos dessa circunstância uma visão diferente. A democracia das ideias deverá estar acompanhada da democracia dos sentimentos. E, consequentemente, das atitudes.
Insuportável mesmo é quando a "dor" não chega magoar...
ResponderEliminarNão sei se percebi bem o seu comentário, amigo jrd. Está decerto a faltar-me lucidez, ou falta aqui alguma palavra? Em todo o caso, é isso que escrevi, baseado no que vejo entre as pessoas... enfim, as dores não se impõem e quando surgem por uma razão que não é válida para nós pode sê-la, e fortemente, para o outro. A cada um a sua dor.
EliminarA indiferença e a apatia são inimigas da dor.
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