Às vezes, muitas vezes, apetecia-me um mundo sem partidos. Que sentido faz nós gostarmos das ideias de alguém, muito frequentemente até, e depois não nos revermos, dizer que não nos revemos, na sua área política? Afinal, o que é uma área política? Não seria melhor identificarmo-nos com projetos ou não? E dessa forma não estarmos subjugados por nenhuma área em particular nem nenhuma bandeira? Explicando. Podíamos, devíamos, trabalhar em prol de um bem comum e neste sentido, mantendo a individualidade, optar por compactuar e colaborar naquilo que achamos que é o bem e recusarmos aquilo que consideramos mal. Ou seja, agora podíamos estar a trabalhar com uma pessoa, num projeto, porque nos identificávamos com ele, e depois com outra, noutro, pela mesmíssima razão. No fundo, como acontece com o trabalho diário, quando temos opção, ou mesmo quando não a temos, quando temos de trabalhar com quem nos identificamos ou não a favor de uma causa comum e maior. Que sentido faz catalogarmos as pessoas por áreas políticas se isso nos faz desvalorizá-las? Tem uma ideia boa mas não a apoiamos nem queremos na nossa equipa porque veste uma camisola diferente. Por outro lado, tem uma ideia péssima, ou várias, e continuamos ao seu lado apenas porque devemos, porque é da nossa cor, porque queremos manter os privilégios.
Ainda há pouco vi nas notícias algo que vai um bocadinho ao encontro disto, a ambição pessoal levada a um certo extremo em detrimento do bem de todos. Há autarcas que estão impossibilitados de se candidatarem novamente ao lugar que detinham. Então, ao que me pareceu, estão em nr 2 nas listas que é para depois o nr 1 renunciar e assim eles manterem o cargo. Corrijam-me se me enganei, isto de estar a ver, quer dizer, ouvir notícias na cozinha não é muito fiável no que diz respeito à minha pessoa. A ser verdade, então o nr 2 não pode estar em nr 2 e trabalhar para o projeto comum? Não terá (n)a mesma importância o seu empenho e dedicação? Partindo do princípio que quer fazer o bem, pois. Ou confirma-se que é o umbigo que interessa, os interesses pessoais, a imagem e o resto que acompanha o topo da pirâmide? Se se acredita numa ideia, num projeto, não se pode ter uma participação menos vista ou mediatizada mas igualmente válida e necessária? Até mesmo no mesmo partido tem de haver egos que se sobrepõem ao ideário?
Não sei se uma coisa pode ser ligada à outra, mas eu liguei-as na minha cabeça. Pessoalmente, adorava que não houvesse partidos, que houvesse apenas ideias, boas, e competência. Que melhor seria o mundo sem partidos. O que parte divide, desune, e destrói. Continuaria a haver posturas intoleráveis a nossos olhos, continuaria a haver pensamento oposto ao nosso, mas não sempre e de forma continuada. O mundo teria mais nuances, menos jogos e mais cooperação. Haveria, digo eu e não há provas em contrário, mais construção.
O seu texto é pertinente e levanta questões interessantes.
ResponderEliminarSócrates da antiguidade clássica grega defendia a seguinte posição sobre a política: Não existiam melhores governantes que os filósofos porque eles detinham um conhecimento profundo.
Pergunto, será que eram mesmo? Não será que os actuais políticos e toda a política que se pratica é filosófica?
Bom fim-de-semana!
p.s vou adicionar este blogue à minha lista para poder voltar com maior tranquilidade!
Olá, Alexandra, bem vinda e obrigada. :) Não sei se a política é filosófica, uma vez que é pouco prática... Mas não revela conhecimento, de longe, nem reflexão, nem profundidade. A politiquice atual, a dos partidos, a que vamos tendo. Aquela de que me farto. Já houve, e nomeadamente a nível internacional, grandes políticos que revelaram sabedoria, honestidade e humanismo.
ResponderEliminarPenso que a política em si deveria ser uma arte ao serviço dos povos, mas não, é uma arte de colocar dinheiro nos bolsos como se não houvesse amanhã. Os comícios são uma autentica lavagem cerebral com palavras repetitivas e cansativas. Comunicar com as massas levando a que elas pensem sobre o errado fazendo-o passar por certo, correcto.
EliminarQue fazer, que dizer? Enquanto continuarmos como meros espectadores de sofá nada mudará!
Fátima, não sei. Em qualquer área da sociedade existem ideias. Em termos políticos, também. O bem comum deveria ser o móbil, mas mesmo assim, ainda que fosse, e partindo do pressuposto que todos concordaríamos, o caminho a seguir para lá chegar, pode ser distinto. Faço um paralelo com as correntes da psicologia :) O objectivo é o mesmo, mas jamais trabalharemos todos da mesma forma...
ResponderEliminarSou muito independente e não gosto de espartilhos, neste caso, políticos relativos a facções partidárias. Porque afastam as pessoas. * Não são as ideias que estão em causa (as boas, diga-se) mas as divisões entre nós/eles, os bons e os maus, enfim, tudo a preto e branco. Não nego que gosto de cor... não no sentido político. :) Mas voto sempre, ou... tenho votado.
Eliminar* Nos blogues, vê-se isso. As pessoas tendem a ser seguidoras de quem é direita quando também o são e de quem é de esquerda quando o são. A não ser que o discurso bloguista seja não ético, intolerável e indigno, não vejo o porquê desses alinhamentos... embora com exceções. Tanto gosto de ler o Pedro Correia como o Daniel Oliveira, o Pedro Rolo Duarte como a Helena Ferro de Gouveia, a Helena Sacadura Cabral como o Sérgio Lavos. São todos excelentes. E outros. E estes nomes podiam estar por outra ordem, não estou a confrontá-los. :)
Oh, a minha flexibilidade levou-me a escrever facções, quando já ando nas fações :):)
EliminarTomar partido não significa ter partido, porque o que é necessário é ser-se " inteiro"
ResponderEliminarMais uma vez, de total acordo, jrd.
EliminarA propos, acabei de ler este artigo. Apesar de exaustivo, tem alguns pontos interessantes no final.
ResponderEliminarhttp://expresso.sapo.pt/antes-pelo-contrario=s25282
Marla
Assim que possa, leio. Obrigada pelo link.
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