1. Agora o inglês é obrigatório no 1º ciclo, agora o inglês não é obrigatório. Assim vai o mundo das incongruências governativas referentes à educação. Esta entre muitas. Somos - docentes e discentes - sistematicamente cobaias de ideias que não resultam ou que não resultaram, que podiam resultar, que não podiam resultar, enfim, é riscar o que não interessa. Todos os anos, em qualquer altura, lá veem a luz do dia alterações que agora são verdade e agora são mentira, que agora são boas e agora são más. Não há pachorra - e, pior, não há sanidade mental - que aguente tanta ordem (leia-se ordens), tanta desordem, tanta contraordem. Temos aguentado estoicamente, ingloriamente, tanta desorientação, capricho e desconhecimento do que é o terreno. E os alunos vão, de igual forma, sendo testados de uma maneira agora e de outra maneira agora. Para quando a serenidade? Para quando a coerência? Adia-se o essencial enquanto se brinca com o acessório. Não se trata de recear a mudança, trata-se de manter uma lógica que contribua para a qualidade do ensino. De experiências está o inferno cheio... e nós seguramente também.
2. Pessoas há com um potencial enorme dentro de si que demoram anos a afirmar-se. Ou a libertar-se de quem as aprisiona. Trata-se de um fenómeno que observo mais nas mulheres e no outro dia cogitei sobre isto. Muitas destas mulheres, umas mais jovens do que outras, têm mães cuja geração viveu sob a ditadura, mulheres simples, de famílias humildes, com pouca instrução (que comum era ficarem pela quarta classe, lembremo-nos de que o direito à educação era só para os mais privilegiados), com pouca ou nenhuma cotação social a nível familiar e que, por essas razões, viveram anos e anos sob o lema do comer e calar. E desta forma educaram as suas filhas, num misto de conservadorismo respeitoso e servil, pensamento pudico - ou comportamento - e muitos medos. Resultado: as filhas não foram habituadas a ser livres, desinibidas, ousadas e fortes. E não puderam, durante muito tempo, ser o que poderiam ter sido e eram, lá dentro. Ipiranga, meninas. Familiar e doutros níveis. Amor próprio e autoestima, ou seja, amem-se e estimem-se. E eduquem as vossas filhas de forma completamente diferente. No respeito mas na liberdade e na coragem.
3. Já terminei há tempo o livro "Mulheres que amaram demais", de que gostei mesmo muito. Confirma-se que não gosto da Marlene Dietrich, não pelo que foi a sua vida mas porque a leitura da sua bio não me fez mudar de ideias em relação ao que vi no écrã. Há uma série de atrizes que não me dizem nada, são quase todas dos anos 40, muito rígidas, muito dominadoras (ok, aprecio-lhes a segurança e a autoconfiança mas não chega) e muito pouco afáveis ou sensíveis. Jane Wyman, Joan Crawford, Greta Garbo, Barbara Stanwick, Bette Davis, Katherine Hepburn (sim, não sou lá grande fã, de longe). Doris Day, Lucille Ball e Ginger Rogers em géneros que não apreciei. Vieram os anos 50 e a galeria começou a mudar. Fruto do tempo ou da colheita, a verdade é que as atrizes foram transmitindo mais vulnerabilidade, mais sensualidade e mais calor. Por falar nisso, setembro foge e já uma nostalgia se instala...
1. Pois, já estou como o outro, cada tiro cada melga...
ResponderEliminar2. Ui... há tanta menina a precisar de dar o grito do Ipiranga
Pode crer, Manuela :) Gosto de a ver - saber - por cá. :)
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Eliminar1. Vivem-se tempos de loucura na educação. Cá fora, idem aspas. Recebemos ordens de tecnocratas de Lisboa que nada sabem da realidade educativa do ensino de português no estrangeiro...
Eliminar2. Bom, a ditadura em Portugal deixou e continua a deixar marcas nas mentalidades. Parece-me que a maioria de nós foi educada por mães com mentalidades fechadas, pudicas, temerosas, etc. É preciso transmitir mais confiança, mais coragem e auto-estima às gerações mais jovens, como bem dizes.
Fugindo ao assunto, de forma geral, os povos do sul são muito pudicos, não só em pensamento. Não têm uma relação muito confortável com o seu corpo, ao contrário dos povos do norte. As portuguesas que aqui frequentam o ginásio não usam o balneário, preferem tomar duche em casa. Sei que é mais confortável, mas sei também que resulta da educação que tiveram, completamente diferente da dos alemães.
3. Acho essencial um misto de segurança, auto-confiança e sensualidade. Nem muita rigidez, nem muita vulnerabilidade.
Marla
2 - Temor ao regime e alguma beatice resultaram nisso mesmo.
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