fevereiro 03, 2013

Sedução

Hoje, ao almoçar num restaurante familiar, encontrei lá um professor que me deu aulas na universidade. Um professor inesquecível, na verdade. Inglês, a viver em Portugal há anos e anos, deu-me literatura inglesa por três vezes e fiz também com ele o seminário no ano de estágio. Não é dado a grandes diálogos e as suas aulas eram eminentemente expositivas. Confesso que gosto de poder participar e que gosto de comunicação, mas, neste caso, bebíamos o que dizia, aprendemos muito, e aprendemos com muito gosto. O tema do seminário era a visão cinematográfica de obras literárias e, portanto, lemos várias obras e vimos a sua adaptação ao cinema.
Uma delas foi "Tess of The D´Urbervilles", de Thomas Hardy. O filme chamava-se e chama-se "Tess" e foi dirigido por Roman Polanski. Lembro-me que a história era marcada por um certo determinismo que parece ser apanágio da obra de Thomas Hardy e que gostei de ler o livro pelo classicismo romântico e trágico que emanava das suas páginas. Sou fã das paisagens britânicas e das personagens perdidas que por lá se encontram em tanta ficção de língua inglesa. Mas o filme também não me desiludiu - ok, admito que tinha imaginado as figuras masculinas um pouquinho mais bem parecidas. A heroína, Tess, foi interpretada por Nastassja Kinski, na altura, se não estou errada, a viver um affair com o realizador de origem polaca, que sempre pareceu gostar de meninas bem mais novas. Era realmente muito nova e viria a ser muito apreciada pela sua beleza e talento, embora mais tarde quase tivesse desaparecido dos holofotes (na verdade, não sei nada dela há muito tempo). A cena em que come os morangos ficou famosa, numa espécie de rendição pecaminosa de uma inocente ao jogo de sedução malandra do seu "primo" sem carácter. A sedução de que foi vítima e os resultados da mesma numa sociedade altamente conservadora, século XIX,  dão, de resto, o mote à intriga. 
Livro e filme igualmente bons, para quem gosta do género, cá fica o registo ou sugestão.


(Já houve adaptações posteriores, especialmente na televisão, julgo, mas não vi.)

6 comentários:

  1. Eu gostei muito do filme, há uns bons anos. Acredito que o livro seja ainda melhor.

    Beijinhos, Fátima :))

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    1. Sim, o livro é muito bom, li em inglês. Gosto da literatura do século XIX, e dos filmes de época. :)
      Bj para si, Ana Paula, gostei tanto que tivesse passado por cá:)

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  2. Também vi este filme, há uns anos e lembro-me de ter gostado muito! :)
    Beijnho
    Isabel

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    1. :) Escrito por um homem mas muito para mulheres, não é?:):) Adorei o livro também e quando comecei a dar aulas ainda fiz uma ficha e passei um extrato do filme a alunos do 11º ano quando falámos da revolução industrial e da vida no campo até aí...(algo do género).

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  3. Esta história de uma jovem inocente desencaminhada por um experiente sedutor faz-me recordar o filme "Ligações Perigosas".
    Por falar em Natassja Kinski, de quem não temos ouvido falar, soube-se recentemente que o seu pai, Klaus Kinski, que, aos meus olhos, sempre teve a fealdade de um monstro, o fora na vida real. Isto porque a irmã mais velha de Natassja confessou que o pai abusou dela em criança...
    Ainda dentro do tema cinema, tenho de partilhar esta história hilariante. No outro dia, num programa de televisão, uma alemã não reconheceu o famoso James Dean numa t-shirt. De seguida, afirmou: "Não o identifiquei porque não o conheci quando ele era jovem, apenas o conheço agora que é mais velho." Sem comentários... Marla

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    1. "Ligações perigosas" continua no meu top 10. :) Quanto à história dos Kinski, sim, li algo sobre isso. Horrível, sim, e disseste-lo muito bem.

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